Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS de Taubaté
Presidente da Comissão de Educação,
Cultura e Turismo
A Câmara
Municipal de Taubaté aprovou por 11 votos a 6, na quinta-feira, 14 de
fevereiro, projeto de lei da Comissão de Finanças e Orçamento que autoriza
reajuste de 31,63% nos salários dos Secretários Municipais. Com isso, os
subsídios passariam dos atuais R$ 9.116 para R$ 12 mil, retroativo a 1º de
janeiro de 2013.
Ingressei com
um mandado de segurança na Vara da Fazenda Pública de Taubaté, na última
segunda-feira, 18, e no dia seguinte o Juiz Paulo Roberto da Silva acatou na
íntegra minha ação e determinou, em caráter liminar, a suspensão do processo
legislativo 01/2013 que concede este aumento.
A princípio, sou
contrária à proposta não somente pelas falhas que encontrei, mas por
considera-la incoerente, sobretudo, pelo aspecto político e moral, diante das
medidas adotadas pela atual gestão para conter gastos com pessoal, a fim de
cumprir as regras impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e aumentar
a capacidade de investimento da Administração Pública.
E quais
medidas foram essas? O fato dos gastos com pessoal ter atingido 62% do
Orçamento Municipal, extrapolando o limite de 54% estabelecido pela LRF, exigiu
do Prefeito a adoção de medidas severas, resultando na demissão de mais de MIL
funcionários – e 300 estagiários (estes por ordem judicial) – para enxugar a
folha de pagamento, sem contar que nesta semana anunciou o corte de outros 500
servidores. Há de se lembrar que nos
casos de cabide de emprego, ou seja, pessoas que ganhavam sem trabalhar,
concordamos com tais medidas.
Em outro
exemplo para conter os gastos, a Prefeitura decidiu reduzir as bolsas-auxílio
dos novos estagiários que serão contratados por meio de um processo seletivo de
R$ 790 para R$ 460 (6 horas) e R$ 300 (4 horas).
Diante do
caos administrativo que sabemos ser encontrado pela atual gestão (alertamos
constantemente a respeito no meu exercício parlamentar), penso haver a
necessidade de, no mínimo, 6 meses para avaliar se o resultado dessas demissões
efetuadas em conjunto com outras ações para conter os gastos, proporcionaram um
percentual de despesas com pessoal condizente com as reais necessidades, e ao
mesmo tempo proporcionador de flexibilização orçamentária. Isto é, aumento da
capacidade de investimento do município.
Esses 6 meses
possibilitariam diagnosticar se o limite com gastos de pessoal se manteria
mesmo com os aumentos propostos e, inclusive, com a revisão ou, até mesmo, real
aumento salarial para todo o funcionalismo visto que, constantemente, temos
ouvido do Prefeito a necessidade de se estabelecer melhores condições para o
servidor público.
Além dos
exemplos citados, é bom lembrar que os salários dos servidores municipais estão
defasados em virtude da não aplicação da Revisão Geral Anual, garantida pela
Constituição Federal. Muitos profissionais já tiveram suas horas-extras
cortadas, o que representou redução significativa no salário mensal impactando econômica
e socialmente na vida dessas pessoas.
No caso dos
professores, a Lei do Piso não tem sido cumprida quanto aos reajustes salariais
com base na variação do Custo Aluno/Fundeb, somando, até então, mais de 30% de
defasagem salarial. Portanto, nesse cenário, qualquer aumento para Secretários,
cargo comissionado, é inoportuno.
As medidas
saneadoras da política de Gestão Fiscal – equilíbrio entre receitas correntes
líquidas e despesas com pessoal – devem ser pautadas por critérios éticos que
evitem a discriminação entre as diversas categorias de profissionais que
compõem o quadro de servidores públicos municipais. Se há necessidade de cortar
gastos com pessoal para reduzir a folha de pagamento, isto deve ser feito de
forma harmônica e sem privilégios.
Antes de se
propor aumento dos subsídios dos Secretários, se faz necessário promover uma
reforma administrativa, a fim de ajustar a prestação dos serviços públicos com
as demandas da população, utilizando-se das modernas ferramentas de gestão
pública, o que, certamente, acarretará em melhores serviços prestados.
Contudo,
basicamente, nosso Mandado de Segurança teve três pontos principais para
fundamentação: falta do parecer da Comissão de Justiça (apresentado apenas para
2ª discussão e votação); ausência de estudo sobre o impacto financeiro e o
terceiro ponto, uma observação interessante: em menos de 1 ano foram realizadas
três ações para tratar de subsídios de Secretários Municipais: a primeira em
fevereiro de 2012 (revisão que passou a vigorar em abril); a segunda em março
do mesmo ano (fixou subsídios em R$ 9.116 a partir de janeiro de 2013) e a
terceira em fevereiro deste anos (aumento para R$ 12 mil, retroativo a 1º de
janeiro de 2013). Qual o trabalhador brasileiro que tem o privilégio de ter
tanto empenho político para melhorias salariais? Alguém conhece?
Aguardamos,
agora, a decisão final da Justiça a respeito desse assunto com muita cautela,
respeito e compromisso com o bem comum. Para concluir, penso que, em se
tratando de ajuste fiscal, o exemplo sempre há que vir de cima, caso contrário
não há credibilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário