terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2013, o ano que parte

Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS, escritora, professora
e mestre em Desenvolvimento Humano

O fim do ano chegou e, com ele, o momento tradicional de fazermos uma retrospectiva dos 365 dias que se foram, numa espécie de ‘balanço’ do que foi bom ou ruim. Penso que sempre teremos algo a melhorar, a avançar ou a conquistar, mesmo que estejamos satisfeitos com nosso desempenho pessoal e profissional. Neste aspecto, o tempo pode ser um aliado, desde que saibamos dar a ele o devido valor e evitemos seu desperdício.

O tempo precisa de gestão também! E isso o curso de Gestão do Tempo – do qual participei a convite da consultora Eliana Araújo, da Gente & Gestão – ofereceu ao oportunizar o conhecimento de ferramentas para otimiza-lo a fim de vivenciar a vida de forma equilibrada, alcançando os objetivos sem aquela sensação ruim do tipo ‘precisava de mais tempo’.

Uma sensação semelhante a do prefeito Ortiz Junior (PSDB) quando em nossa primeira reunião, em janeiro de 2013, compartilhou mais ou menos assim: “gostaria de colocar a casa em ordem em menos tempo, mas pelo que estamos vendo precisaremos de, no mínimo, uns seis meses”.

De uma situação como essa podemos aprender que estimar o tempo para colocar propostas em prática na nossa vida – ou no caso do prefeito, na vida de milhares de taubateanos – exige seriedade, respeito e, antes de tudo, conhecer as circunstâncias e os meios para efetuar o que se propôs.

Um exemplo: ao pretendermos reformar a casa em 2014 é primordial considerar os recursos que serão necessários para a execução da obra. Dinheiro é importante, assim como o roteiro das ações, as pessoas a serem contratadas e a ponderação, junto à família, quanto à viabilidade e ao tempo estimado para a realização do serviço.

E quando se trata de fazer reforma ou obra numa cidade? No caso, na nossa cidade? As propostas apresentadas durante o período eleitoral criaram na população uma expectativa quanto à eficiência e agilidade na resolução de problemas cotidianos. Salvo uma ponderação feita quanto ao tempo que se levaria para aumento das escolas integrais durante o mandato, a maior parte das propostas alimentou a esperança de solução imediata. A realidade, porém, revelou a falta de precisão por parte da administração quanto ao tempo.

Ao que nos parece, propostas foram lançadas no período eleitoral feito flechas de cupido, mas com objetivos diferentes: conquistar o voto e não o coração do eleitor. Conquistar o coração das pessoas depende de ações diárias, que fortalecem a relação estabelecida. Por mais que os recursos do marketing tenham a capacidade de emocionar as pessoas, ainda não dispõem da mesma eficácia quando o ‘produto’ oferecido não corresponde ao que se propôs. O amor, nesse caso, é exigente e relações duradouras se estabelecem com a confiança consequente das atitudes diárias, reais e não apenas de um período e televisivelmente.

Mas… nem tudo está perdido e, você eleitor, pode com suas experiências estabelecer comparativos para apurar o fazer da atual Administração no seu primeiro ano de exercício. A ‘Gazeta de Taubaté’ do último domingo fez um balanço de Governo e constatou que apenas 4% dos principais compromissos do prefeito foram cumpridos. De 53 promessas, apenas duas foram efetivadas (implantação da Atividade Delegada e treinamento da Guarda Municipal), outras 15 iniciadas e 36 estão paradas.

Concomitantemente às satisfações e/ou insatisfações, a agonia voltou e acentuou a insegurança da população, a começar pelos muitos que acreditaram que Taubaté viveria um novo tempo, sem notícias e manchetes destacando escândalos e/ou suspeitas de corrupção política. Ao contrário, o que se viu, foi um ‘tudo de novo’ triste e desconsolador, respeitados os diferentes motivos e contextos.

E 2013 passou com o tempo. Passou com alegria. Passou com tristezas, encontros, despedidas… Assim podemos parafrasear a canção ‘o mesmo ano que chega é o mesmo ano da partida’. Enquanto 2013 parte, 2014 chega, e, com ele, o tempo para fazer acontecer tudo o que ainda não foi feito, começando pela vida de cada um de nós, da nossa cidade, do nosso país. E qual a sua avaliação de 2013? E a previsão para 2014? Independentemente das respostas, considere, respeite, valorize o tempo. Ele também passa e é bom caminhar ao seu lado.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A hora certa

Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS, escritora, professora
e mestre em Desenvolvimento Humano

Ganhei um presente. Um presente criativo, diferente, que não veio embrulhado e por isso não se abre, mas é um daqueles que posso dizer que "abre a gente". Foi assim que recebi o vídeo “O urso e a lebre”, de John Lewis, indicado pela querida professora Silvia Ambrogi Ribas Branco Siqueira Aguiar aos seus amigos do Facebook, em virtude do Natal.

Não é de hoje que ela nos presenteia assim. Seja com um vídeo, um poema, uma "insistência" para participarmos de um curso de incentivo à leitura, o fato é que a Silvia tem esse dom, assim como o da Clelia Leite e o da Lucia Mascarenhas – outras amigas também muito queridas –, de serem meios para presentear a nossa vida com suas palavras, delicadezas e presenças. Elas antecedem o presente. Por elas, "eles" chegam. Elas são presentes e ao mesmo tempo o presente.

Num mundo tão conturbado e consumista, onde o ter se sobrepõe ao ser, experimentar presentes dessa forma é preencher a vida de mais sentido. É isso que sinto. Conhecer essa pequenina e singela história de amizade entre dois animais tão diferentes, embalada por uma canção capaz de nos fazer "flutuar na multidão", possibilitou-me abrir conexões práticas, acadêmicas, afetivas e a exercitar a partilha. Afinal, um conhecimento desse não deve estacionar- se em nós e sim nos transpassar feito vento nas velas...

Iniciei compartilhando com minhas alunas do curso de Pedagogia e, em seguida, comecei a escrever esse artigo. Pode ser que os escritos de hoje não sejam compreendidos por você da mesma forma que agora me fazem sentido. Por vezes queremos mostrar, compartilhar algo que sentimos ser importante por ter um significado especial para nós. Geralmente fazemos isso com quem queremos bem, embora nem sempre sejamos compreendidos.

E isso tem algumas explicações. Uma delas é que dada as experiências, contextos de desenvolvimento humano de cada um de nós, nem sempre estamos dispostos a confiar, apreciar o que é partilhado, seja por não conhecer, não querer, não dispormos de estruturas suficientes para compreensão de seus significados ou simplesmente por não estarmos atentos aos sinais que chegam de diversas formas às nossas inúmeras preces. Contudo, façamos a nossa parte.

David Hume, filósofo escocês, dizia que a beleza das coisas está no espírito de quem as contempla. Que bom ver nessa história a beleza e sentir amor. Um amor incondicional, capaz de transpor barreiras instintivas, biológicas para fazer despertar na hora certa e poder, assim, experimentar os momentos fazedores do sentido da vida com quem amamos. Você, leitor (a), compreenderá melhor se dedicar três minutinhos do seu precioso tempo para assistir a esse filme: http://migre.me/h7xTr 

Hoje, véspera de Natal, esse “microfilme” é o meu presente para você que se dedica a leitura desse nosso espaço. Você não precisará abrir o presente, precisará apenas ligar um computador, acessar a internet, clicar no link acima e assistir. O bom é que você pode compartilhar também e, se puder me contar como recebeu esse "nosso presente",  envie suas impressões para o email: professorapollyana@gmail.com. Ficarei contente!

Sinceramente, desejo que o espírito natalino possa despertar a essência divina que há em cada um de nós, possibilitando-nos apreciar e compreender o que o poeta Fernando Pessoa nos escreveu: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena". Que nossos arrependimentos sejam verdadeiros para nos guiarem pela vereda da justiça nos aproximando mais uns dos outros fraternalmente.
                                                              
Ao conhecer essa história, tenho a esperança de que você a sinta como eu a senti: a felicidade de ganhar um presente! Desejo ainda que as atitudes do coelho o levem a perceber e compreender que, independentemente do presente que oferecemos a alguém, é imprescindível SER e ESTAR presente na vida das pessoas feito um despertador na hora certa. Esse "estar" pode ser fisicamente ou não. São nossas atitudes que podem fazer o momento presente ser o melhor presente e constituir memórias dignas de serem recordadas e eternizadas.


Seja presente e o presente em sua vida e na vida de todos que o querem sempre por perto, sempre PRESENTE. Bom Natal, bom filme!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Qual é o plano, prefeito?

Pollyana Gama escreve artigo sobre o PPA (Plano Plurianual), que será votado nesta terça-feira

Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS, escritora, professora
e mestre em Desenvolvimento Humano

Recordo que quando criança brincava de "bandeirinha" na rua da Glória e antes de iniciar a brincadeira o grupo se reunia para responder a pergunta "qual é o plano?" É uma pergunta frequente na vida de quem busca "chegar a algum lugar". Seja para organizar as despesas do dia a dia, um aniversario, uma viagem e até mesmo o encontro da família para comemorar o Natal, planejar é preciso.

Verificar o empenho  de um grupo de pessoas com um plano para ser bem sucedido numa simples brincadeira/encontro e não observar esse mesmo empenho, quanto à participação, quando se trata do plano desenvolvido para atender expectativas reais, coletivas de um grande grupo, de uma cidade, é no mínimo muito estranho.

A Câmara Municipal vota na manhã de hoje o Plano Plurianual (PPA) que vai apontar as prioridades da gestão para os próximos 4 anos (2014-2017), sendo 3 anos do atual governo e 1 ano do próximo que será eleito em 2016. Este é um importante instrumento que, teoricamente, permite visualizar os setores da Administração Pública que terão maior atenção e quais serão seus programas e atividades para atingir os objetivos estabelecidos.

Talvez o empenho necessário por parte do "grande grupo" não ocorra em virtude das dificuldades que muitos cidadãos se deparam ao buscarem entender o "plano". Talvez isso ocorra por não se sentirem parte desse processo.

O PPA elaborado pela Prefeitura de Taubaté prevê investimentos do Executivo, do Instituto de Previdência do Município, da Universidade de Taubaté e suas fundações. Uma das finalidades, além de aperfeiçoar as ações da Gestão Pública, é possibilitar aos cidadãos e agentes políticos o acompanhamento detalhado das metas a serem cumpridas pelo Executivo.

É justamente por este motivo que por meio de requerimento questionamos a Secretária de Administração e Finanças, Odila Maria Sanches, a respeito da falta de clareza do nosso PPA. É evidente que a participação do cidadão que não possui conhecimento em orçamento público fica prejudicada contrariando os princípios da transparência na prestação dos serviços públicos. Como participar, acompanhar, fiscalizar e colaborar sem entender?

A Secretária nos respondeu que o PPA “foi elaborado rigorosamente em conformidade com a legislação federal vigente, à semelhança dos Planos Plurianuais em vigor no âmbito da União e dos Estados, inclusive o de São Paulo”. Ao analisar o PPA publicado pelo Ministério do Planejamento, no âmbito federal, fica nítida a diferença no que diz respeito à clareza, objetividade e facilidade para qualquer pessoa entender aquilo que o Governo irá executar nos próximos anos.

Para citarmos alguns exemplos, o Plano Plurianual do Governo Federal planeja autorizar a realização de 45.668 obras e serviços de manutenção, conservação e restauração em bens do Patrimônio Cultural, sendo 14.033 destas ações na Região Sudeste do país. Desse modo, um município como Taubaté pode cobrar no Ministério e questionar/solicitar participação com projetos para o patrimônio cultural.

O Plano Plurianual de nossa Taubaté prevê a promoção 450 eventos culturais em cada um dos próximos 4 anos. Mas, que eventos são esses? Quais regiões e bairros serão atendidos? Como podemos acompanhar e fiscalizar a execução dessas metas/ações? No PPA Municipal não visualizamos claramente bairros/regiões que terão ao menos as ruas recapeadas. Disponibilizar detalhes como esse facilitaria o acompanhamento por parte do cidadão e a fiscalização pelo legislador.

No caso de Taubaté, os 19 vereadores apresentaram 245 emendas que poderão ou não ser aprovadas. As propostas abrangem diversas áreas da Administração Pública e contemplam, por exemplo, a cobertura de quadras poliesportivas, melhorias na iluminação pública, revitalização de praças, recapeamento de ruas, ampliação de oferta de bolsas de estudos para pessoas carentes, reforma da Vila Santo Aleixo, estrutura para o funcionamento dos 7 Conselhos mantidos na Gestão de Política de Assistência Social, compra de equipamentos para o Pronto-Socorro Municipal, entre outras.

A composição do PPA de maneira a facilitar sua leitura e interpretação é mais um desafio enfrentado por Taubaté e outros municípios que, em sua maioria, não compõem seus planos de forma mais clara por não disporem, na hipótese mais apaziguadora, do que podemos chamar de "cultura de planejamento". Será que o projeto do PPA a ser votado hoje oferece a segurança de que as nossas expectativas serão atendidas? Da nossa parte permaneceremos a insistir por mais clareza com envio de sugestões ao Executivo tendo por objetivo avançarmos na nossa capacidade de fazer acontecer de forma ordenada, planejada e participativa.

Veja o artigo publicado originalmente no jornal "Gazeta de Taubaté":


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Todos pela mesma causa

Pollyana Gama escreve artigo sobre Mandela e a luta contra o preconceito em nosso país

Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS, escritora, professora
e mestre em Desenvolvimento Humano

A morte do líder político sul-africano Nelson Mandela na última quinta-feira, dia 5, trouxe a tona sua história e as discussões sobre o preconceito, especialmente o racial no Planeta, e as desigualdades sociais que ainda acentuam diferenças. Ex-presidente da África do Sul entre os anos de 1994 e 1999, Mandela, prêmio Nobel da Paz, foi o símbolo do combate ao regime do “Apartheid”, que significa “vida separada”, ao qual os negros foram submetidos naquele país por longos anos, dominados pelos brancos.

Sob o efeito dessa atmosfera iniciou-se no fim da semana passada o 4º Congresso Nacional de Mulheres do Partido Popular Socialista (PPS), em São Paulo, do qual participei como representante da Coordenação das Mulheres do nosso Estado. O encontro ocorreu concomitantemente ao 18º Congresso Nacional do partido, liderado pelo deputado federal Roberto Freire, presidente da sigla no Brasil.

Marcado por intensos debates, a arquiteta Helena Werneck fez a abertura enfatizando a luta de Mandela como inspiração e exemplo a ser seguido pelas mulheres na conquista de espaços tidos culturalmente como masculinos. Na sequência, as militantes do partido Adoração Villar, Débora Albuquerque, Norma Shirley Ribeiro, Dina Lida Kinoshida, Luiza Ribeiro, Tereza Vitale e a deputada federal Carmen Zanotto (PPS-SC) compartilharam de suas percepções a respeito das questões de gênero em nosso país e da necessidade de ampliarmos a participação da mulher na política potencializando ações concretas.

Tive uma breve participação. Breve mas suficiente para reafirmar que precisamos distinguir diferenças das desigualdades que ainda marcam vidas e mais vidas de nossa gente.  Diferenças nos completam e, quando assim compreendidas, tem o poder de nos aproximar para fazer acontecer uma ação conjunta, tendo por resultado, por exemplo, uma nova vida: o que seria do espermatozoide não fosse o óvulo e/ou vice e versa? Já as desigualdades, pelo contrário, nos distanciam e criam realidades distorcidas, impossibilitadoras de um desenvolvimento que tenha por princípio contribuir para a equidade social.

Nós, mulheres, ficamos por muitos anos à margem da história política do Brasil quando proibidas de votar ou se candidatar a cargo eletivo. Contudo, o que dizer desses direitos frente ao direito que os antecede? Refiro-me ao direito a vida, tirada a força de muitas mulheres vítimas da violência masculina ou de sistemas opressores, preconceituosos e segregadores. Para lembrar, em 1932 o governo de Getúlio Vargas garantiu o direito às mulheres de participar da vida política, no entanto, quatro anos mais tarde, entrega a militante Olga Benário, grávida de Luis Carlos Prestes, a Gestapo (polícia política alemã). Olga foi executada numa câmara de gás pelos nazistas em 1942.

A consolidação da presença de lideranças femininas na política ocorre, mas a passos lentos, apesar do interesse de muitas delas. Entre a garantia desse direito e a sua concretização de forma equânime tem-se um longo percurso. Embora já possamos contabilizar ascensões significativas, os avanços que permitam um quadro mais equilibrado entre homens e mulheres nos cargos eletivos exigem dotar a mulher de seu próprio ser, de sua feminilidade e de sua própria vida.

Para se ter uma ideia da força da mulher, na década de 1970 representávamos 35% do eleitorado brasileiro. Em 2006 ultrapassamos a marca dos 50%, conforme o Tribunal Superior Eleitoral. O mesmo TSE informa que o número de candidaturas femininas alcançou 31,7% do total de registros nas eleições de 2012. E esses números refletem a realidade nos espaços políticos?

Um estudo da União Interparlamentar, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), revelou que nosso país ocupa o 120º lugar em um ranking da proporção de mulheres nos parlamentos. Estamos atrás de países islâmicos como Paquistão, Sudão e Emirádos Árabes Unidos. Analisando dados apresentados pelo governo, veremos que a participação das mulheres na Câmara dos Deputados é de apenas 9% e, no Senado, de 10% do total. Na Câmara Municipal de Taubaté, dos 19 vereadores eleitos, somos 4 mulheres (Pollyana, Graça, Gorete e Vera) representando um percentual de pouco mais de 20% das cadeiras.

Mais uma vez, de forma breve e direta, pode-se observar que a quantidade de mulheres na disputa, possibilitada pela lei 9504/95, não garante a mesma proporção nas esferas de governo. A luta de Mandela não extinguiu o preconceito mas desacomodou, incomodou, sensibilizou, despertou consciências para o desenvolvimento de seres humanos capazes de perceberem a igualdade na diversidade e a solução, para muitos males, nas diferenças.

Como mulher, e participante desse congresso, senti que mudar a realidade desse contexto exige usar nossa indignação de modo inteligente para romper paradigmas, muitos deles enraizados em nós mesmas, e somar com homens e mulheres dispostos a transpor barreiras culturalmente resistentes. A causa deve ser percebida como de todos nós.

Veja o artigo publicado originalmente no jornal "Gazeta de Taubaté":


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Confira como foi a quinzena da vereadora
Pollyana Gama no exercício do mandato



O nosso melhor presente

Pollyana Gama escreve artigo destacando o aniversário de Taubaté e a força de seus 368 anos

Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS, escritora, professora
e mestre em Desenvolvimento Humano

A antiga Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté, prestes a completar 368 anos na próxima quinta-feira, dia 5 de dezembro, foi o primeiro povoado do Vale do Paraíba a alcançar esta posição – de Vila – em 1645. Tornamo-nos uma cidade, em 5 de fevereiro de 1842. Contudo, dada a importância histórica dos atributos para a constituição de Taubaté como Vila, tem-se essa data como marco de seu desenvolvimento.

Esta antiga Vila é uma das poucas do interior paulista com participações importantes nos acontecimentos históricos do país. Daqui, por exemplo, partiram muitos bandeirantes que, ao descobrirem ouro em terras mineiras, se tornaram os fundadores de cidades históricas das Minas Gerais como Ouro Preto, Mariana, São João Del Rei, Tiradentes e, Campinas, já em São Paulo, entre outras.

Desde o período áureo do café, em meados do século XIX, quando mantínhamos mais de 80 fazendas produtoras, destacando-se como o município de maior produção na zona paulista, passando por Félix Guisard, pioneiro da industrialização no Vale do Paraíba e responsável pela criação da CTI (Companhia Taubaté Industrial), maior indústria de tecelagem em atividade no Brasil, nossa Vila, cidade, já demonstrava sua força.

Atualmente nosso município é o segundo maior polo industrial de nossa região ao abrigar empresas como Volkswagen, Ford, LG, Alstom, Usiminas, Cameron e Embraer (Centro de Distribuição e o Centro de Serviços Integrados – CSI). Aqui também acolhemos o Comando de Aviação do Exército brasileiro (Cavex), desde meados dos anos 1980.

Sua pujança é resultado de uma série de fatores que contribuem com o seu crescimento, a exemplo da localização geográfica: no eixo das duas principais capitais do país – Rio de Janeiro e São Paulo –, próximos do Litoral e da Serra da Mantiqueira. Uma das razões para o interesse de grandes companhias por investimentos.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), Taubaté possui hoje uma população estimada de 296.431 habitantes. O Censo de 2010 revela que o valor do PIB (Produto Interno Bruto) ´per capita´ do município há três anos foi de R$ 35.083,20, totalizando quase R$ 10 bilhões em riquezas produzidas na cidade no período. Acredito que esses números já sofreram avanços devido às novas instalações comerciais e industriais dos últimos anos.

Outro ponto favorável é constituirmos um polo educacional com variedade de cursos técnicos e de ensino superior que permitam a formação e capacitação da mão de obra local e regional. E no caso da Uniatu, contribui muito para pesquisas. No aspecto cultural colecionamos ícones como Monteiro Lobato, Amácio Mazzaropi, os irmãos Celi e Tony Campello e, atualmente, podemos acompanhar pelas vozes das jovens cantoras Hellen Caroline e Luana Camarah nossa cidade ser representada nacionalmente.

Olhando para estes dados, elencados de forma breve, é possível sermos envolvidos por uma áurea de agradecimento que só não se fixa de forma tranquila e permanente porque ao mesmo tempo em que “crescemos”, cresceram conosco problemas e desigualdades, muitos deles gerados e/ou acentuados por aqueles de quem a população ansiava por soluções.

Apesar do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divulgado em julho deste ano, mostrar que Taubaté está entre as 100 melhores cidades do país para se viver, ocupando a 40ª colocação no ranking, não podemos fechar os olhos, por exemplo, para os núcleos de favelas existentes. O crescimento desses núcleos tem sido contido por meio de ações diversas como o Aluguel Social (algo que proponho desde 2011) colocada em prática pela gestão atual.

Quanto a educação, o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2012, confirma a permanência dos índices apurados em 2009 e o não cumprimento da meta estabelecida pelo Ministério da Educação. A meta 6,1 fixada para o 5º ano da rede pública que atingiu 5,4 enquanto o 9º ano, da meta 5,3 foi atingido 4,7 pontos.

Isso sem falar na saúde que acumula reclamações por parte do cidadão que poderia ser melhor atendido se houvessem estruturas preventivas e parcerias consolidadas, possibilitadoras da ausência de doença. Outros problemas sentidos por todos nós como mato alto, iluminação precária, entulhos, trânsito, violência e drogas são situações que reduzem consideravelmente nossa sensação de segurança.

Temos muito para agradecer e temos muito para fazer acontecer a Taubaté com Educação, Saúde, Segurança, Transporte, Trânsito que a população deseja e merece. Este sim será o melhor presente.

Veja o artigo publicado originalmente no jornal "Gazeta de Taubaté":


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Taubaté pode ampliar busca
por pessoas desaparecidas

Vereadora Pollyana Gama (PPS) prepara Projeto de Lei que autoriza
o Executivo a criar banco de dados para facilitar localização de pessoas

Criar meios para que o Poder Público Municipal contribua efetivamente na busca por pessoas desaparecidas. Aos poucos, esta corrente liderada por uma mãe que perdeu a filha de 23 anos, em outubro de 2009, em Carapicuíba, na grande São Paulo, vai ganhando força ao se transformar em lei municipal em algumas cidades. Foi com este objetivo que a vereadora Pollyana Gama (PPS) recebeu na manhã desta sexta-feira, 29, Sandra Moreno, idealizadora de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular “pela pessoa desaparecida no Brasil”.

A vereadora Pollyana Gama (PPS) conduz reunião que discutiu projeto
sobre pessoas desaparecidas; parlamentar vai propor Projeto de Lei 
Sandra veio acompanhada do vereador Nenê Crepaldi (PMDB), de Carapicuíba, autor do Projeto de Lei 1954/13 que “dispõe sobre a autorização ao Prefeito para criação de órgão de apoio à Política Estadual de Busca de Pessoas Desaparecidas, via instalação de Banco de Dados no âmbito Municipal”. O texto autoriza ao Executivo instalar um banco de dados para possível localização de pessoas desaparecidas no perímetro do município por meio de ampla divulgação e desenvolvimento de programas e ações de inteligência entre os órgãos públicos.

Há um ano Sandra recolhe assinaturas para viabilizar a apresentação do Projeto de Lei no país. Até hoje, foram colhidas cerca de 10 mil, no entanto, faltam ainda mais de 1 milhão e 300 mil adesões. A proposta nasceu quando a mãe, tomada pelo desespero, criou um “quebra-cabeça” para dividir as ações que deveriam ser tomadas pelos órgãos públicos para localizar a filha, mas não foi. Sandra diz que o texto contempla tudo que não temos. “Faltam ferramentas e a finalidade do texto-base é criar formas que facilitem a busca por estas pessoas”, destaca.

Entre as propostas estão a implantação de delegacias especializadas em cidades com população superior a 100 mil habitantes; sistema interligado sobre pessoas desaparecidas com polícias federais, Interpol e fronteiras e integração do boletim de ocorrência entre delegacias de todos os Estados brasileiros. “É necessário otimizar este processo por que as Polícias dos Estados não se conversam, cada uma fala uma língua e isso dificulta a localização”, afirma Sandra Moreno.

Taubaté - A vereadora Pollyana Gama prepara um Projeto de Lei para propor a mesma iniciativa em Taubaté. No texto, a parlamentar vai incluir a prestação de serviço de divulgação das pessoas desaparecidas por meio da TV Câmara. “Entendo que o Poder Público Municipal pode ser um grande parceiro neste sentido, pois, afinal, as pessoas vivem nos municípios. Estamos nos aprofundando nesta questão para lapidar o projeto que será proposto”, ressalta.

As munícipes Maria Viana e Fausta Rodrigues, moradoras em Taubaté, participaram da reunião. Ela é irmã de Antonio Rodrigues Viana, de 59 anos, desaparecido desde o dia 27 de abril de 2011. Até hoje o homem não foi encontrado.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A balança da igualdade

Pollyana Gama convida o leitor a refletir sobre a situação do negro em nossa sociedade desigual

Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS, escritora, professora
E mestre em Desenvolvimento Humano

Somos uma nação livre da escravidão, do preconceito? Imaginar do lado de uma balança os quase quatro séculos de história da escravidão em nosso país e, do outro, pouco mais de cem anos da lei áurea, permite visualizar o peso que esse triste período exerce, ainda, na atual condição da população negra em nosso país.

Infelizmente, ainda somos um povo que não aprofunda seu olhar para essa situação, ainda que tenhamos em nossa composição demográfica uma maioria negra, conforme revela o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo a pesquisa, baseada em dados do Censo-IBGE de 2010, pela primeira vez na história brasileira, o número de cidadãos negros é 6,5% superior ao de brancos. Em números, isso equivale a 97 milhões de pessoas declaradas negras (pretos ou pardos), ante 91 milhões de brancos.

Talvez sejam essas as razões pelas quais após uma semana comemorarmos o dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de Novembro – dia da morte de Zumbi dos Palmares, ocorrida em 1645 –, permaneci reflexiva sobre o tema. Anualmente a Câmara Municipal de Taubaté promove Sessão Solene em comemoração ao dia instituído para exaltar a brava luta do líder negro do Quilombo dos Palmares e propor discussões a respeito de políticas afirmativas a respeito.

A cada sessão que sou oradora busco desenvolver o discurso entrelaçando dados históricos com dados de pesquisas atuais para aprimoramento da nossa análise da realidade. No ano passado discorri sobre as cotas nas universidades. Parti de uma recordação que tenho do professor Pasquale Cipro Neto, em 2010, quando questionado a respeito de ser a favor ou contra a lei das cotas. Na época, sua resposta impulsionou o público a pensar e alguns, penso, que tiveram o que chamo de "despertar de consciência".

Disse ele que, de fato, o que precisa ser feito é uma educação básica pública de qualidade que permita aos jovens – independentemente da sua cor, raça, situação econômica – ter condições de ingresso e permanência para que se obtenha o êxito no ensino superior. Contudo, o professor Pasquale ponderou que seria injusto, diante de tudo que os negros vivenciaram ao longo de uma história de opressão e exclusão, ficarmos indiferentes e não estabelecermos meios para se reparar as distâncias existentes, fruto desse histórico. A cota é um deles.

Tendo por base o pressuposto de que a educação/conhecimento favorece ao cidadão à conquista de seu emprego, neste  ano tratei da realidade vivenciada pelos negros no mercado de trabalho brasileiro. O povo brasileiro é dotado de diversidade devido à miscigenação, mas rico em desigualdade. O abismo existente no mercado de trabalho entre negros e não negros exemplifica as disparidades nesse setor. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelam, por meio do estudo “Os Negros no Mercado de Trabalho”, que um trabalhador negro recebe, em média, um salário 36,11% menor que um trabalhador não negro.

Segundo o levantamento, os negros recebem menos em qualquer comparação que se faça, seja por setores de atividades, seja por escolaridade. Isso sem contar os apontamentos de pesquisas que mostram ser preponderante o continuísmo de situações nas quais um indivíduo negro tende a ser o último a ser admitido e o primeiro a ser dispensado de uma colocação profissional, ou, ainda, a ocupar o status de maioria nos quadros de informalidade e de desemprego.

Até mesmo a juventude composta por negros sofre com a realidade de menores oportunidades. No livro Juventude e Políticas Sociais no Brasil, Adailton Silva, Josenilton da Silva e Waldemir Rosa discorrem um capítulo inteiro tratando das discrepâncias que os jovens negros enfrentam, principalmente no que se refere à educação e ao mercado de trabalho. Os autores destacam o fato de os jovens negros estarem sobrerrepresentados no segmento de jovens que não trabalham e nem estudam, além de sua admissão no mercado de trabalho estar marcada por condições inferiores em comparação com as de jovens brancos.

Ou seja, o mesmo povo que foi escravizado, tornando-se a viga mestra para a construção da economia brasileira, é o povo que ainda hoje sofre com a discriminação racial, e vê comprometida sua participação à frente do desenvolvimento econômico, ao ser suprimido preconceituosamente do mercado de trabalho formal, principalmente em cargos que ocupam linhas hierárquicas do topo da pirâmide de uma organização.

O mercado de trabalho mostra a acentuada distância entre a liberdade proclamada e a liberdade vivenciada.  Ao ter a autonomia como um dos condicionantes para a liberdade, qual a autonomia que a maioria dos negros brasileiros possui nesse cenário? Refiro-me a autonomia que possibilita o indivíduo viver em grupo e atuar como protagonista de sua própria existência, fazendo escolhas, em uma sociedade branca, amarela, vermelha, negra, composta, acima de tudo, por seres humanos.

Espero que nosso artigo de hoje favoreça a você, leitor, a não tão somente ter consciência como também a ser consciente. Não é de hoje que insisto nisso: ter é bem diferente de ser! Muitos sabem o que é não ter preconceito, pois têm consciência. Mas quantos desses não são preconceituosos? Ser consciente é agir. Infelizmente, aquele “peso na balança”, a que me referi logo no início, ainda influencia muito em nossas atitudes.

Veja o artigo publicado originalmente no jornal Gazeta de Taubaté:


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Davi Zaia e Pollyana trazem
150 mil para Pronto Socorro

A pedido da vereadora, Secretário Estadual de Gestão Pública
propõe emenda para aquisição de equipamentos

O Pronto Socorro Municipal de Taubaté se prepara para receber os equipamentos e mobiliários que serão adquiridos por meio de emenda do Secretário Estadual de Gestão Pública Davi Zaia. Nesta quarta-feira, 20, o Secretário e a vereadora Pollyana Gama (PPS) estiveram na unidade para tratar sobre os materiais que serão adquiridos com o recurso de R$ 150 mil referente à emenda.

A diretora clínica do Pronto Socorro Municipal, Dra Rosa Celado, mostra ao
Secretário Estadual de Gestão Pública, Davi Zaia, condições do PS Municipal
“O recurso já foi liberado. A relação dos materiais necessários também já nos foi encaminhada pela Secretaria Municipal de Saúde. Viemos para que o Secretário conhecesse de perto as necessidades do nosso Pronto Socorro e para comunicar que o processo encontra-se em fase de licitação e que, em breve, os equipamentos estarão em Taubaté”, contou Pollyana, que formalizou o pedido de emenda ao secretário.

Na oportunidade, Davi e Pollyana foram recebidos pelo secretário municipal de saúde, João Ebram Neto, pela diretora clínica do Pronto Socorro, Dra. Rosa Celado e pela gerente de saúde, Ana Lucia Valvano. “A nossa intenção é conhecer as prioridades para também somarmos esforços na busca de melhorias para o Pronto Socorro Municipal. Temos a vereadora Pollyana, que é um forte elo”, disse Davi Zaia.

Para Pollyana, o apoio do Secretário é fundamental para que a cidade obtenha avanços na área da Saúde. “É mais uma força que se soma a todas as outras que buscam melhorias para a Saúde. Toda a ajuda é bem-vinda quando o assunto é oferecer melhores condições para a população”, afirmou a vereadora. 

Luz, câmera e ação!

Pollyana Gama destaca a criação do Festival de Cinema de Taubaté e nossa vocação para a 7ª arte

Como se fosse uma luz que se avista ao fim do túnel, felizmente, foi aprovado pela Câmara Municipal, em regime de urgência, a nosso pedido, na última quarta-feira, dia 13, o Projeto de Lei 158/2013 que cria o Festival de Cinema de Taubaté. Uma iniciativa altamente louvável da Secretaria Municipal de Cultura que foi acatada pelo Prefeito e transformada nesta ação que poderá trazer Taubaté novamente à “Cena do Cinema Nacional”.

Como educadora e presidente da Comissão de Educação, Cultura e Turismo da Câmara Municipal, vejo a matéria como oportunidade para a retomada, a todo vapor, das produções cinematográficas locais, tal como em 1973 quando o cinema já vivia os seus dias de glória. Amácio Mazzaropi era o rei das bilheterias em todo o território brasileiro. Além do Cine Palas, tínhamos outras salas de espetáculos que, semanalmente, viviam lotadas: Cine Metrópole, Cine Urupês, Cine Odeon e Cine Boa Vista, este último na Vila das Graças.

Quando a bela limousine conversível descia a rua das Palmeiras em direção ao majestoso Cine Palas, com o largo sorriso de Mazzaropi, o entusiasmo tomava conta da multidão que se aglomerava e aplaudia o grande astro do cinema nacional que chegava para a sessão de lançamento de “Portugal, Minha Saudade”, filme produzido nos estúdios da PAM Filmes, em Taubaté.

A PAM Filmes produziu uma série de tramas nos seus estúdios localizados na Fazenda Santa, no Bairro dos Remédios. Infelizmente, com o falecimento de Mazzaropi, em 1981, aos 69 anos, os filmes deixaram de ser produzidos em nossa cidade. Hoje, no local, temos um museu cinematográfico e um conceituadíssimo hotel fazenda de luxo, eleito por cinco anos consecutivos pelos leitores da Revista Viagem & Turismo como o Melhor Hotel Fazenda do Brasil, onde turistas e visitantes podem ter acesso ao acervo deixado pelo nosso grande cineasta. 

Nasci no ano de 1975, portanto, boa parte do sucesso de Mazzaropi pude conhecer por meio dos registros históricos e pelos contos de parentes e amigos que tiveram o privilégio de vivenciar aqueles momentos. Meu pai, inclusive, foi figurante em alguns dos filmes de nosso cineasta. Em um deles, “Jecão, um fofoqueiro no céu”, gravado em 1977, ele aparece numa cena de briga com o dentista Daniel Sbruzzi, recém-homenageado pela Câmara Municipal.

Os tempos mudaram e hoje as salas de cinema estão localizadas, prioritariamente, em espaços que atraem muitos consumidores, a exemplo dos shoppings. Aliás, em minha pesquisa do mestrado em Desenvolvimento Humano, constatei que a opção cultural mais cultivada pelos estudantes é justamente o cinema.

Retornando ao Festival de Cinema, a atividade não apenas contribuirá para o resgate daqueles grandes momentos culturais vividos pelos taubateanos quando lotavam as salas de cinema no passado, mas, também, para impulsionar a cadeia econômica ligada ao turismo em nossa cidade. Afinal, uma das propostas é estimular o gosto pela produção audiovisual e, melhor que isso, proporcionar meios que viabilizem projetos de artistas tanto amadores quanto profissionais.

Importante observar que um Festival como esse não pode ser reduzido apenas ao período de sua realização – que será regulamentado por decreto do Prefeito. É necessário contemplar um projeto de responsabilidade social/cultural envolvendo a comunidade local ao longo do ano. Isso exige muito empenho do Poder Público e parcerias com o setor privado. Como para 2014 a peça do PPA (Plano Plurianual) enviada à Câmara não inclui o Festival, elaborei emenda sugerindo o repasse de R$ 50 mil anualmente ao projeto. Claro que o dinheiro não é autossuficiente para a manutenção do mesmo, mas contribui com o resultado da parceria público-privada que, acredito, será estabelecida para este acontecimento.

O economista e jornalista Luis Nassif publicou em seu blog no último dia 6 o artigo “O renascimento do cinema nacional”, no qual nos mostra números otimistas que indicam as grandes possibilidades que se apresentam para o atual momento do cinema. Ele relata que até o início do mês foram vendidos no mercado interno 22 milhões de ingresso para filmes brasileiros. Nessa conta entrou apenas a primeira semana do filme “Meu passado me condena”, que estreou com a segunda maior bilheteria do ano, conforme informações obtidas com Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine (Agência Nacional de Cinema).

O momento atual para o cinema brasileiro é muito promissor. Taubaté com a aprovação do projeto de lei que cria o Festival de Cinema e com a estruturação necessária da nossa Secretaria da Cultura para este fim poderá, sem sombra de dúvidas, avançar na consecução de uma política de cultura e turismo, geradora de receitas para o município. É nosso dever preservar, pois, afinal, Taubaté foi berço de um dos principais cineastas do país: Amácio Mazzaropi. Para 2014: Luz, câmera, ação!

Veja o artigo publicado no jornal "Gazeta de Taubaté":


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Feriado é dia de festa

Pollyana Gama aborda no artigo desta terça-feira
a polêmica sobre o feriado de 5 de dezembro

Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS, escritora, professora
e mestre em Desenvolvimento Humano

Durante a última semana muito se falou sobre o projeto de lei que altera a data do feriado de 5 de dezembro para 5 de fevereiro. Sou uma das autoras do projeto e, até mesmo por isso, observei a movimentação de vários setores da sociedade em torno do tema.

A palavra feriado vem do latim feriatus, que significa “aquilo que está em festa”, isto é, dia de comemoração. Na contramão do significado etimológico da palavra, nós, brasileiros, nem sempre festejamos nossas datas a não ser pelo fato de ser um dia a mais de descanso.

O número de feriados já foi muito maior, mas com a Revolução Industrial, muitos foram suprimidos justamente porque os dias não trabalhados representavam prejuízos ao progresso. Assim como no passado, os números comprovam que um feriado é capaz de comprometer a economia. A matemática é bem simples: menos dinheiro entrando é igual a menos dinheiro sendo investido. Isso, no comércio, pode significar menos contratações e, em um município, menos investimentos em setores como saúde, educação e segurança.

Em Taubaté, por exemplo, segundo os dados do Núcleo de Pesquisa Econômico Sociais (Nupes), o impacto financeiro provocado pelo feriado atingiria não somente o comércio, que perderia uma boa fatia dos valores da primeira parcela do 13º salário paga aos trabalhadores de Taubaté, como também a arrecadação tributária do município, que poderia perder somente neste dia cerca de R$885 mil de ICMS.

Contudo, embora pertencentes a uma sociedade capitalista, somos uma terra rica em história. E não queremos abrir mão dela, até porque o futuro está intimamente ligado ao passado e ao caminho percorrido até o nosso presente.

Em 5 de dezembro de 1645 Taubaté foi elevada à condição de Vila, que resultou na primeira instância política do Vale do Paraíba. Foi a partir dessa data que foi instituída a nossa Câmara Municipal. Porém, foi em 5 de fevereiro de 1842 que o barão de Mont’Alegre elevou Taubaté e outras vilas – como Itu, Sorocaba, Coritiba, Paranaguá e até Campinas, que antes era denominada Villa S. Carlos – à categoria de cidade.

Uma data jamais poderá se sobrepor a outra, é verdade. Porém, se a discussão gira em torno de valorizar a nossa história, é necessário que ensinemos aos nossos cidadãos e, principalmente às futuras gerações o valor de cada uma delas, até mesmo para que população de Taubaté avance em sua tradição, sua história e sua cultura, fazendo valer o “dia de festejar” e não o dia de somente descansar. Afinal, quem conhece ou sabe diferenciar esses dois marcos históricos? Aliás, ainda tem muita gente em Taubaté que acredita que o feriado do dia do padroeiro marca a data de aniversário da cidade.

Contamos na cidade com um excelente trabalho idealizado pelo pesquisador Pedro Rubim, com o seu Almanaque Urupês. O projeto se baseia na valorização histórica e cultural de nosso município, enaltecendo a história de modo que o nosso presente e o nosso futuro sejam igualmente valiosos ao nosso passado. Também temos vários pesquisadores da Universidade de Taubaté, que lutam bravamente pela manutenção de nossa identidade, reforçando a importância do folclore, do cinema local, dos prédios históricos etc.

Ainda no intuito de valorização da identidade, tramita na Câmara Municipal um projeto de lei, de autoria do vereador Nunes Coelho (PRB) que institui a Semana de Taubaté. A proposta é festejar o nosso orgulho taubateano por meio de atividades culturais, enfatizando a importância da nossa história, que se encontra com a história do Brasil, e, de forma educativa, fazer com que o taubateano conheça o valor de suas datas.

A discussão sobre o feriado nos faz refletir se o que queremos é um dia de folga ou um dia de festa cívica e de fortalecimento de nossas tradições. Na Audiência Pública realizada na Câmara Municipal de Taubaté, no último dia 5, o debate originou sugestões salutares, vindas de representantes do setor comercial, de jornalistas, historiadores e também vereadores. Todos foram unânimes quanto à necessidade de um maior envolvimento cívico por parte de toda população com a história de nossa cidade.


Se a intenção é festejar, a defesa de um feriado não se justifica. A comemoração de uma data estaria muito mais ligada ao intenso trabalho de valorização e de manutenção de nossas tradições, do que ao simples descanso promovido por um feriado e à torcida de que ele seja prolongado.

Artigo publicado no jornal "Gazeta de Taubaté":