quinta-feira, 27 de junho de 2013

Diálogo Inter Religioso 2013

A Câmara de Taubaté promoveu na noite desta quarta-feira, 26,
mais uma edição do "Dia Municipal do Diálogo Inter Religioso",
decreto legislativo 334/10, de autoria da vereadora Pollyana Gama (MD), oradora oficial do encontro. O tema escolhido para este ano foi "Diálogo para a Não Violência". Abaixo, o discurso proferido por Pollyana durante o evento:


“Boa noite, senhora presidente, nobres pares, munícipes aqui presentes, líderes e membros das distintas comunidades religiosas, senhoras e senhores, telespectadores da TV Câmara Taubaté e a você que nos assiste pelo site da TV Câmara, na internet.
É com muita alegria que esta Casa de Leis é aberta para cumprir o seu papel democrático ao reunir as diversas doutrinas de nossa cidade para o “Dia Municipal do Diálogo Inter Religioso”, cujo objetivo é estimular o exercício do respeito e da tolerância entre as pessoas de diferentes convicções religiosas.
A data foi incluída no calendário oficial do município por meio do decreto legislativo 38 de 2009, de minha autoria e aprovado por todos os vereadores. Ao longo desses anos, temos observado avanços significativos nesse sentido. Na primeira edição, em 2010, abordamos “A Religião de Cada Um Por Uma Cultura de Paz”; em 2011, o legislativo taubateano sediou o “Fórum Mundial de Liberdade Religiosa”; em 2012, cada religião compartilhou da sua contribuição para “A Manutenção da Família”; e para este ano, os religiosos dialogarão sobre “O Diálogo Para a Não Violência”.
O “Diálogo Inter Religioso” emerge hoje como um dos grandes desafios para o século 21. As diversas tradições religiosas vêm provocadas a perceber a importância vital de um relacionamento criativo e mútuo entre si mesmas, como condição essencial para um futuro mais harmônico para a humanidade. E esse ponto de equilíbrio depende da capacidade que temos em compreender e respeitar a diversidade religiosa ou cultural de um povo.
Na última semana, produzi um artigo intitulado “Abaixo à intolerância” onde me refiro à importância do respeito às diferenças em meio aos protestos que estamos acompanhando em todo o Brasil. Apesar dos manifestos não terem cunho religioso, fiz questão de abordar o assunto para reforçar que a ausência de diálogo incita a violência. No texto, inclusive, citei uma reflexão importante do filósofo, teólogo e escritor suíço Hans Küng, que consta na primeira página do seu livro “O Islão – História, Presente, Futuro”.
Ele escreve que “não haverá paz entre as nações, se não existir paz entre as religiões. Não haverá paz entre as religiões, se não existir diálogo entre as religiões. Não haverá diálogo entre as religiões se não existirem padrões éticos globais. Nosso planeta não irá sobreviver se não houver ethos global, uma ética para o mundo inteiro”.
Atualmente temos acompanhado pela mídia diferentes conflitos em diferentes contextos, além dos religiosos. O que dizer dos embates ocorridos nos últimos dias motivados por inúmeras razões? Para aqueles que observam na intolerância uma das formas de conquista dos seus ideais, objetivos, se faz importante refletir a respeito, pois ela é também inibidora da formação de uma sociedade capaz de decidir consensualmente e de solucionar problemas comuns. Não professo com isso a tolerância no sentido de se aceitar a tudo e a todos, mas, convido-os a pensa-la sob a ótica de sua origem.
Etimologicamente, tolerância vem do latim – tolerare – que era utilizado como uma forma de garantir acolhimento a alguém, uma atitude fundamental para quem vive em sociedade. Uma pessoa tolerante compreende opiniões ou comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio social. Ela tem a capacidade de perceber que nem todos tiveram as mesmas condições de vida, sobrevivência e vivência da qual ela dispõe e por isso respeita.
Diante disso tudo, o que fazer? Ser tolerante ou intolerante? Compartilho parte da análise feita pela Doutora em Filosofia e Ciências Religiosas, Ivone Gebara, que me trouxe um pouco de luz: “As palavras tolerância e intolerância poderiam ter assim gradativamente seu significado original restaurado. Poderiam ser convite cotidiano para que sejamos apoio para os outros, paciência e perdão. E quando o vírus da intolerância se manifestar de novo, sermos capazes de lembrar que palhas e traves existem em todos os olhos, mas que além delas existe a beleza do olhar ou existe simplesmente a misteriosa e frágil chama da vida em cada um de nós”.
Nem todos sabem que praticamente 70% das guerras ocorridas na história mundial foram causadas em decorrência de conflitos religiosos. Recentemente, a Associação Brasileira de Liberdade Religiosa deu publicidade ao fato de que 25% dos 196 países pesquisados, isto é, 49 países, enfrentam episódios de perseguição e violência motivados pelo fundamentalismo religioso. Embora no Brasil a liberdade religiosa seja garantida por lei, ações neste sentido são ainda um tanto que isoladas, fazendo com que muitas vezes o preconceito fale mais alto, a intolerância se instale na tentativa de convencimento e “a paz entre os homens” não aconteça.
Acredito que só é possível estabelecer uma cultura de paz por meio do diálogo. Apesar das diferenças, pode-se, com a sua prática - desde que os locutores estejam também dispostos a ouvir -, perceber pontos em comum e é justamente essa percepção que favorece o amadurecimento e atitudes de respeito à diversidade e à vida. Foi esse o principal motivo de termos criado em Taubaté um dia especial para a promoção deste diálogo entre as religiões”.
Vereadora Pollyana Gama (MD), oradora do Diálogo Inter Religioso
Doutor Jean Soldi Esteves, representante da Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Antonio Rogério Lemes de Souza, o Pai Rogério, representante do Candomblé
Marina Ferri, representante da Comunidade Espírita

Padre Everton dos Santos Carvalho, representante da Igreja Católica
Pastor João Batista, representante da Igreja Evangélica
Pastor Samuel Mendes Dutra, representante da Igreja Presbiteriana
Kimico Nogutti Batista Marsushita, representante da filosofia Seicho-No-Iê


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