segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Audiência pública aponta dados de dependência química em Taubaté



Atendendo à solicitação da vereadora Pollyana Gama (PPS) e da ONG Coalização Comunitária Antidrogas, o Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais), da Unitau, desenvolveu um relatório sobre a dependência química em Taubaté. A pesquisa contou com o apoio da Acit (Associação Comercial e Industrial) e da Fapeti (Fundação de Apoio à Pesquisa, Tecnologia e Inovação).

O relatório levantou dados quantitativos na cidade, entrevistando 387 pessoas entre junho e julho de 2015.

Administrador e pesquisador do Nupes, o Prof. Me. Odir Cantanhede Guarnieri observou que os entrevistados foram abrangentes quando falavam de casos de dependência em sua família, o que resultou nos seguintes dados: 32% utilizam o cigarro, 35% bebidas alcoólicas, e 18% fazem o uso de maconha.

Na tentativa de prever e concretizar ações para conseguir retirar as pessoas presas ao vício, o professor relatou que 73% das pessoas entrevistadas disseram desconhecer serviços que ofereçam os cuidados necessários para um tratamento das drogas, porém 24% disseram conhecer ações de auxílio advindas, em sua maioria, de comunidades terapêuticas e médicos particulares.

“Algo que me chamou a atenção foi que a droga é um problema presente na sociedade, porém, está escondida. Todo mundo vê, todo mundo sabe, mas ninguém fala. Fica aqui minha recomendação para os órgãos públicos, para que se abra uma porta de diálogo junto à sociedade. Esse seria um caminho positivo para o enfrentamento das drogas”, evidenciou Guarnieri.

Outra questão levantada pelo Nupes foi a veiculação de propagandas e embalagens de bebidas e cigarros em pontos comerciais. A pesquisa apontou que 85% das pessoas são favoráveis à proibição.
Ao final da pesquisa, o Nupes questionou seus entrevistados quanto às soluções cabíveis para evitar ações criminosas, como o tráfico de drogas: 66% disseram que a conscientizção nas escolas sobre as drogas é a principal medida a ser tomada, depois vem o maior investimento em operações policiais, com 35%.

Para a psicóloga Amanda de Alcântara do Nascimento, a grande questão a ser debatida é o que
se está levando para dentro de casa. Comentando a pesquisa, Amanda ressaltou que o jovem tem sido influenciado pela busca e oferta das drogas lícitas e ilícitas.

O comandante da 1ª Companhia da Polícia Militar, capitão Pereira, relatou que, em 2015, 32% das apreensões feitas na cidade foram de adolescentes envolvidos em atos infracionais ou portando drogas.



Comentando as ações da Prefeitura, a gerente da área administrativa da Secretaria de Saúde, Tatiana Amaral, frisou programas como “Crack, é possível vencer”, o Caps-AD (Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas) e o consultório de rua que auxilia o tratamento de pessoas que se encontram em vulnerabilidade social.


O presidente da Coalizão de Taubaté e do Comad (Conselho Municipal Antidrogas), Reinaldo Galdino, agradeceu a vereadora Pollyana pelo apoio e ressaltou que, quando começou a trabalhar com o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência), procurou os dados relacionados aos problemas das drogas no município, mas não havia essa informação. “Muitas vezes, as pessoas não se dão conta do que está acontecendo em nossa sociedade. As pessoas começam a se preocupar com a dependência química quando está instalada na sua residência.”

A Coalizão tem a proposta der lançar uma campanha intitulando “O comerciante legal”, recompensando aquele que cumprir a lei e não vender bebidas para menores de 18 anos.

Pollyana Gama afirmou que o objetivo da audiência, além de apresentar a pesquisa, é compartilhar o que tem sido feito, organizar um documento com o relato de cada representante para
que, a partir disso, possa apresentar uma proposta estruturada e otimizar o trabalho.


A parlamentar ressaltou que é necessário investir mais no diálogo com o adolescente e comentou que existem escolas estaduais e também em outros Estados desenvolvendo a formação integral, no qual o estudante é o protagonista. “Em Taubaté, na rede municipal, também avançamos na oferta de vagas em período integral para nossos alunos. Tenho relatos de que há comunidades que têm buscado atividades extracurriculares no contraturno. Os avanços são percebidos e nossos apontamentos são sempre no sentido de colaborar”, ressaltou.

“Nós temos quatro ou cinco escolas com capoeira, mas outras comunidades não desejaram a capoeira. O interessante é ouvir quem está sendo assistido, para quem a gente oferece a escola em período integral. Dentro do que você sonha para sua vida, o que a escola pode oferecer para que você alcance isso de forma sadia, generosa, colaborativa”, completou a parlamentar.

A vereadora ressaltou que o problema é da sociedade, cabendo ao poder público promover cada vez mais espaços para otimizar as linhas de atuação de forma que tenha um resultado mais eficiente.


Pollyana encerrou a audiência ressaltando o trabalho da Coalizão, Polícia Militar e Civil, Universidade, Secretarias da Saúde e de Educação, o trabalho de psicólogos, pastorais de igreja, grêmio estudantil e comunidades terapêuticas. Para ela, “a audiência serviu para propor uma estratégia de ação para melhores resultados, mais dignos, que tratem das vidas na cidade com o devido cuidado e responsabilidade”.












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