Consciência Negra: “Embora tenhamos avançado em políticas públicas, desigualdades persistem”, afirma Pollyana

Pollyana discursa durante solenidade do Dia da Consciência Negra

A vereadora Pollyana Gama (PPS) afirmou que desigualdades sociais ainda existem no país, apesar do avanço de políticas sociais. O discurso da vereadora ocorreu durante solenidade comemorativa ao dia nacional da consciência negra, evento promovido pela Câmara de Taubaté em 18 de novembro. O vereador Luizinho da Farmácia (PR) presidiu a sessão.

Pollyana lembrou que o Censo 2010 apurou que, dos 16 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza (com até R$ 70 mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou negros.

“Hoje, em qualquer indicador social considerado - educação, emprego, trabalho, moradia - existe uma desvantagem sistemática do conjunto de negros de ambos os sexos em relação aos brancos, e essa desvantagem é especialmente marcada no caso das mulheres negras”, citou a vereadora.

Ela sugeriu uma reflexão sobre o assunto e lembrou que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou pesquisa em julho, apontando que as diferenças raciais ou de cor influenciam em aspectos como acesso a trabalho, em julgamentos equivocados no campo da justiça e da polícia e no convívio social. “Embora tenhamos avançado em termos de políticas públicas, com a criação da Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial, as desigualdades persistem”, concluiu.

Por meio de vídeos produzidos pelo Memorial da Câmara, foram exibidos os históricos dos homenageados da solenidade, engenheira Ana Célia Máximo Pimenta e o chefe da agência do IBGE em Taubaté, Aguinaldo Silva.

A vereadora Pollyana citou que Ana Célia foi pioneira no ativismo do movimento negro em Taubaté, colaboradora no início dos trabalhos do Ceccab (Centro de Estudos Comunitário Cultural Afro-Brasileiro) no início dos anos 1980.

Ana Célia se formou engenheira civil pela Universidade de Taubaté, cursou pós- graduação em Segurança e Medicina do Trabalho e Música e Instrumentos na escola Fêgo Camargo. Iniciou suas atividades profissionais na Prefeitura em 1986.

Participou de vários encontros culturais e eventos por meio do Ceccab, tais como o Feconezu (Festival Comunitário Negro Zumbi), fez parte de uma banda como backing vocal e participou de festivais, com seu irmão Carlos Alberto.

“Sou grata pelas oportunidades que a vida me deu, enquanto tantos irmãos negros não tiveram oportunidade. Nosso país tem uma dívida impagável com a raça negra, nossos antepassados viviam felizes em suas terras país e foram retirados à força para serem escravos e, assim, construíram grandes nações.”

Ana Célia leu um trecho da poema Navio Negreiro, de Castro Alves, e lembrou que o Brasil foi o último país a acabar com a escravidão oficial negra. “Por mais de 300 anos, nossos irmãos foram violentados de todas as formas. Com o fim da escravidão, ou início de outra escravidão, já que os negros não tiveram oportunidade de trabalho, poucos conseguiram voltar às suas origens, e o sofrimento da raça se perpetua até hoje.”

Quanto ao segundo homenageado, Aguinaldo Silva, Pollyana destacou o trabalho desempenhado por ele na coordenação do Censo 2010 no Vale do Paraíba, além de ter sido um dos pioneiros do Ceccab e responsável pela introdução em Taubaté de um Núcleo da Educafro, que oferece cursinho preparatório para vestibular para alunos carentes e negros em Taubaté.

Admitido na Fundação IBGE em 1979, deu os primeiros passos do Ceccab no início dos anos de 1980. Em 2004, conheceu o projeto Educafro, que estendeu no mesmo ano para Taubaté.

“Em 1980, a gente buscava a coesão social. Infelizmente, a coesão social do negro no Brasil é mais baixa do que na África, com todos os problemas tribais que há lá. Isso é fruto de uma história que precisava ser analisada, arquivada e direcionada, e a gente precisava provocar esse local. Então, nasceu a ideia da criação do Ceccab, gerando novas lideranças, promovendo lideranças dentro da comunidade negra e taubateana.”

Presidente do Ceccab, Zenaide Brito ressaltou a importância da data e da solenidade promovida pela Câmara de Taubaté. “Não podemos mais ser vistos pela cor da pele, mas sim como sujeitos de direito, capazes, com inclusão, e que realmente façamos parte e tenhamos uma sociedade mais justa e igualitária.”

 Confira fotos dos homenageados:



Sr. Aguinaldo Silva e Sra. Ana Célia Máximo Pimenta



 Os homenageados e suas respectivas famílias

 Fonte: Assessoria de Imprensa CMT.