Proposta
debateu a religião como instrumento de manutenção dos valores familiares
Um
dos grandes desafios para o século 21. Foi assim que a vereadora Pollyana Gama
(PPS) definiu o diálogo inter-religioso, durante solenidade promovida nesta
quinta-feira, 14, pela Câmara Municipal de Taubaté que celebrou o dia municipal
da interação entre as diferentes religiões.
Pollyana lembra que diálogo inter-religioso não deve estar a serviço de nenhum outro objetivo, senão o da abertura sincera e gratuita à alteridade |
“Não
há mais possibilidade de manutenção de posicionamentos teóricos que sustentem a
perspectiva de hegemonia de uma tradição religiosa sobre as demais. Neste tempo
de pluralismo religioso há que se acentuar a singularidade e o valor da
diversidade, como dado irrenunciável e irrevogável”, destacou.
Segundo
a parlamentar, o diálogo inter-religioso “não deve estar a serviço de nenhum
outro objetivo, senão o da abertura sincera e gratuita à alteridade, à
disponibilidade ao conhecimento mútuo e ao recíproco enriquecimento dos valores
éticos”.
Pollyana
lembrou que, no Brasil, um marco do diálogo inter-religioso ocorreu na
Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, a Eco-92, em julho de 1992. “São
experiências ricas e novidadeiras que começaram a florescer nas duas últimas
décadas, cultivando e afirmando virtudes fundamentais para a coexistência num
mundo religiosamente plural.”
Neste
ano, a proposta foi debater a religião como instrumento de manutenção dos
valores familiares. Representantes de dez confissões religiosas fizeram uso da
palavra para expor suas visões sobre o assunto.
Doutor Jean Soldi Esteves, representante da Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias |
Representando
a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Jean Soldi Esteves leu a Proclamação
ao Mundo, feita pelo Conselho dos 12 Apóstolos. “Os filhos têm direito de
nascer dentro dos laços do matrimônio e serem criados por pai e mãe, que honrem
os votos matrimoniais com total fidelidade. A felicidade na vida familiar é
mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos de Jesus
Cristo.”
“A
preservação da família é a base da nossa vida”, declarou Rosely Braido Ortiz
Ferreira, representante dos budistas. “Aí entra o desapego, evitar o ódio e a
raiva. É voltar para o outro, o companheiro. Vendo o lado do outro, a gente
consegue manter uma unidade mais sólida, pacífica, e manter nossa família
íntegra, em paz e sem tantas adversidades que os seres criam.”
Rosely Braido Ortiz Ferreira, representante do Budismo |
Antonio
Rogério Lemes de Souza, o Pai Rogério, falou em nome dos praticantes do candomblé.
“Para nós, a família é a mais importante instituição social estabelecida por
Deus, é a base para todas as outras instituições. Um membro do candomblé,
estabelecido bem em sua família, tanto na material quanto no axé, tem estrutura
para encarar todas as dificuldades do dia a dia.”
Em
nome da comunidade espírita, Guilherme Soares de Azeredo falou que a tecnologia
permitiu a proximidade entre as pessoas, no entanto, não trouxe a paz. “Jesus
fala que vamos conseguir a paz no mundo a partir do momento em que construirmos
a paz dentro do lar. A instituição familiar é onde construímos as bases
psicológicas e espirituais para enfrentamento de todas as dificuldades
diárias.”
Antonio Rogério Lemes de Souza, o Pai Rogério, representante do Candomblé |
Pela
Igreja Adventista do Sétimo Dia, o pastor Jefferson Castilho destacou
necessidades que precisam ser sanadas através de uma ação em conjunto, como a
violência doméstica. “É algo que acontece dentro da família e a tem destruído.
Toda e qualquer forma de violência deve ser coibida pelo Estado, repelida pela
sociedade e combatida pela família, principalmente se o agredido for um menor,
incapaz de se defender.”
Os
católicos foram representados pelo diácono Adônis Souza, que ressaltou “o
grande valor sagrado” que é a família. “Mas, às vezes, nos esquecemos que
fazemos parte de outra grande família. Não pertencemos apenas à família de laços
de carne e sangue, mas também a uma família maior, uma única família. Todos
nós, aqui, acreditamos que Deus é pai de todos, então, formamos a grande
família de Deus.”
Guilherme Soares de Azeredo, representante da Comunidade Espírita |
O
pastor Santo Espósito, em nome da Igreja Evangélica, defendeu a concepção
divina da família. “Somente Deus pode mudar a história das famílias sobre o
planeta. Nenhuma religião pode colaborar para isso, pois as religiões estão aí
desde que o homem pecou e se afastou de Deus. Estamos vivendo um caos, os
princípios para a família estabelecidos por Deus só podem ser resgatados
através da sua própria palavra ou de Jesus.”
Pela
Igreja Presbiteriana, o pastor Samuel Mendes Dutra afirmou que muitos problemas
sociais, tais como drogas, poderão ter cura através da família. “Os valores da
família são exatamente os deixados por Deus em sua palavra, nas escrituras. O
padrão ideal da família é o pai, o marido, e a mãe, esposa, que se unem e
constituem com seus filhos essa célula mater da sociedade.”
Pastor Jefferson Castilho, representante da Igreja Adventista do Sétimo Dia |
Em
nome da Seicho-No-Ie, a palestrante Kimiko Noguti Batista Matsushita comentou
que seicho, em japonês, significa
progresso, e ie quer dizer casa, ou
seja, lar que progride infinitamente. “Nosso ensinamento trabalha na formação
de uma família feliz. Para isso, é fundamental ter espírito de reverência,
gratidão, respeito aos superiores, começando dos antepassados, que hoje são
nossos protetores no mundo espiritual.”
Representante
da umbanda, Roseli de Aquino Freitas, a Mãe Roseli, salientou que os umbandistas
reúnem ensinamentos do cristianismo, africanismo, orientalismo, indianismo e
kardecismo. “A umbanda prega o amor desejado pelo orixá Oxalá, que encarnou
entre nós como Jesus Cristo e deixou incontáveis lições de respeito para com o
próximo e a natureza, obra da luz maior, Olorum, que é Deus.”
Diácono Adônis Souza, representante da Igreja Católica |
Ao
encerrar a solenidade, a vereadora Pollyana concluiu: “De tudo o que aprendemos
hoje, algo é comum: o querer do amor supremo, da manifestação do divino. Eu
insisto nas palavras da [cantora gospel] Aline Barros, que acredita que Deus
não é preso a uma religião, mas está acima de todas e quer nosso bem, que
possamos viver de forma fraterna e com consciência de que podemos contribuir
para a paz e a cultura de amor ao próximo”.
Pastor Santo Espósito, representante da Igreja Evangélica |
Pastor Samuel Mendes Dutra, representante da Igreja Presbiteriana |
Kimiki Noguti Batista Matsushita, representante Seicho-No-Ie |
Roseli de Aquino Freitas, a Mãe Roseli, representante da Umbanda |
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