sexta-feira, 15 de junho de 2012

Pluralismo religioso e diversidade marcam
debate inter-religioso na Câmara de Taubaté


Proposta debateu a religião como instrumento de manutenção dos valores familiares

Um dos grandes desafios para o século 21. Foi assim que a vereadora Pollyana Gama (PPS) definiu o diálogo inter-religioso, durante solenidade promovida nesta quinta-feira, 14, pela Câmara Municipal de Taubaté que celebrou o dia municipal da interação entre as diferentes religiões.

Pollyana lembra que diálogo inter-religioso não deve estar a serviço de
nenhum outro objetivo, senão o da abertura sincera e gratuita à alteridade
“Não há mais possibilidade de manutenção de posicionamentos teóricos que sustentem a perspectiva de hegemonia de uma tradição religiosa sobre as demais. Neste tempo de pluralismo religioso há que se acentuar a singularidade e o valor da diversidade, como dado irrenunciável e irrevogável”, destacou.

Segundo a parlamentar, o diálogo inter-religioso “não deve estar a serviço de nenhum outro objetivo, senão o da abertura sincera e gratuita à alteridade, à disponibilidade ao conhecimento mútuo e ao recíproco enriquecimento dos valores éticos”.

Pollyana lembrou que, no Brasil, um marco do diálogo inter-religioso ocorreu na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, a Eco-92, em julho de 1992. “São experiências ricas e novidadeiras que começaram a florescer nas duas últimas décadas, cultivando e afirmando virtudes fundamentais para a coexistência num mundo religiosamente plural.”

Neste ano, a proposta foi debater a religião como instrumento de manutenção dos valores familiares. Representantes de dez confissões religiosas fizeram uso da palavra para expor suas visões sobre o assunto.

Doutor Jean Soldi Esteves, representante da Igreja
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Representando a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Jean Soldi Esteves leu a Proclamação ao Mundo, feita pelo Conselho dos 12 Apóstolos. “Os filhos têm direito de nascer dentro dos laços do matrimônio e serem criados por pai e mãe, que honrem os votos matrimoniais com total fidelidade. A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos de Jesus Cristo.”

“A preservação da família é a base da nossa vida”, declarou Rosely Braido Ortiz Ferreira, representante dos budistas. “Aí entra o desapego, evitar o ódio e a raiva. É voltar para o outro, o companheiro. Vendo o lado do outro, a gente consegue manter uma unidade mais sólida, pacífica, e manter nossa família íntegra, em paz e sem tantas adversidades que os seres criam.”

Rosely Braido Ortiz Ferreira, representante do Budismo
Antonio Rogério Lemes de Souza, o Pai Rogério, falou em nome dos praticantes do candomblé. “Para nós, a família é a mais importante instituição social estabelecida por Deus, é a base para todas as outras instituições. Um membro do candomblé, estabelecido bem em sua família, tanto na material quanto no axé, tem estrutura para encarar todas as dificuldades do dia a dia.”

Em nome da comunidade espírita, Guilherme Soares de Azeredo falou que a tecnologia permitiu a proximidade entre as pessoas, no entanto, não trouxe a paz. “Jesus fala que vamos conseguir a paz no mundo a partir do momento em que construirmos a paz dentro do lar. A instituição familiar é onde construímos as bases psicológicas e espirituais para enfrentamento de todas as dificuldades diárias.”

Antonio Rogério Lemes de Souza, o Pai Rogério,
representante do Candomblé
Pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, o pastor Jefferson Castilho destacou necessidades que precisam ser sanadas através de uma ação em conjunto, como a violência doméstica. “É algo que acontece dentro da família e a tem destruído. Toda e qualquer forma de violência deve ser coibida pelo Estado, repelida pela sociedade e combatida pela família, principalmente se o agredido for um menor, incapaz de se defender.”

Os católicos foram representados pelo diácono Adônis Souza, que ressaltou “o grande valor sagrado” que é a família. “Mas, às vezes, nos esquecemos que fazemos parte de outra grande família. Não pertencemos apenas à família de laços de carne e sangue, mas também a uma família maior, uma única família. Todos nós, aqui, acreditamos que Deus é pai de todos, então, formamos a grande família de Deus.”

Guilherme Soares de Azeredo, representante da
Comunidade Espírita
O pastor Santo Espósito, em nome da Igreja Evangélica, defendeu a concepção divina da família. “Somente Deus pode mudar a história das famílias sobre o planeta. Nenhuma religião pode colaborar para isso, pois as religiões estão aí desde que o homem pecou e se afastou de Deus. Estamos vivendo um caos, os princípios para a família estabelecidos por Deus só podem ser resgatados através da sua própria palavra ou de Jesus.”

Pela Igreja Presbiteriana, o pastor Samuel Mendes Dutra afirmou que muitos problemas sociais, tais como drogas, poderão ter cura através da família. “Os valores da família são exatamente os deixados por Deus em sua palavra, nas escrituras. O padrão ideal da família é o pai, o marido, e a mãe, esposa, que se unem e constituem com seus filhos essa célula mater da sociedade.”

Pastor Jefferson Castilho, representante da
Igreja Adventista do Sétimo Dia
Em nome da Seicho-No-Ie, a palestrante Kimiko Noguti Batista Matsushita comentou que seicho, em japonês, significa progresso, e ie quer dizer casa, ou seja, lar que progride infinitamente. “Nosso ensinamento trabalha na formação de uma família feliz. Para isso, é fundamental ter espírito de reverência, gratidão, respeito aos superiores, começando dos antepassados, que hoje são nossos protetores no mundo espiritual.”

Representante da umbanda, Roseli de Aquino Freitas, a Mãe Roseli, salientou que os umbandistas reúnem ensinamentos do cristianismo, africanismo, orientalismo, indianismo e kardecismo. “A umbanda prega o amor desejado pelo orixá Oxalá, que encarnou entre nós como Jesus Cristo e deixou incontáveis lições de respeito para com o próximo e a natureza, obra da luz maior, Olorum, que é Deus.”

Diácono Adônis Souza, representante
da Igreja Católica
Ao encerrar a solenidade, a vereadora Pollyana concluiu: “De tudo o que aprendemos hoje, algo é comum: o querer do amor supremo, da manifestação do divino. Eu insisto nas palavras da [cantora gospel] Aline Barros, que acredita que Deus não é preso a uma religião, mas está acima de todas e quer nosso bem, que possamos viver de forma fraterna e com consciência de que podemos contribuir para a paz e a cultura de amor ao próximo”.




Pastor Santo Espósito, representante da
Igreja Evangélica

Pastor Samuel Mendes Dutra, representante
da Igreja Presbiteriana

Kimiki Noguti Batista Matsushita,
representante Seicho-No-Ie

Roseli de Aquino Freitas, a Mãe Roseli,
representante da Umbanda

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