quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Pollyana considera Dia da Consciência Negra
um marco para extirpar a discriminação


Vereadora chama atenção para a conscientização e defende igualdade entre etnias

Mais de 120 anos após a abolição da escravidão e mais de três séculos depois da morte de Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra ao escravismo, o Brasil tem uma data para refletir sobre o papel do negro na sociedade, o dia da consciência negra, considerado pela vereadora Pollyana Gama (PPS) “um marco para extirpar a discriminação em todos os campos”.

Pollyana Gama: "se hoje os negros não são mais escravos,
grande parte deles é marcada pela exclusão"
“Penso que seria melhor não ter esse dia, porque a existência desta data revela o quanto as desigualdades persistem. Se esse dia hoje acontece é que temos muito que avançar nessas questões das desigualdades sociais”, refletiu durante a solenidade realizada na noite desta terça-feira, 20, na Câmara de Taubaté.

“Se hoje os negros não são mais escravos, grande parte deles é marcada pela exclusão. Os negros de hoje, aqueles que vivem na miséria, que moram em condições subumanas, não são menos escravos do que aqueles do tempo em que Zumbi era líder. Precisamos de diretrizes para conscientizar, não só proporcionando entendimento de que é impróprio o preconceito de qualquer espécie”, acrescentou Pollyana em seu discurso.

Os homenageados Maria Aparecida Souza Santos e Antonio José dos Santos
De Taubaté, Pollyana destacou o casal Antônio José dos Santos e Maria Aparecida de Souza Santos, “exemplos de superação e força” na valorização dos negros. Ele, natural de Petrópolis (RJ), e ela, de Ponte Nova (MG). Casados há 60 anos e pais de quatro filhos, moram em Taubaté desde 1983, dos quais dez anos residiram na Vila São Geraldo e há 19, vivem no Cecap 2.

“O casal, por onde passa, sempre deixa uma mensagem de carinho e amor com seus jeitos de serem: carinhosos e com aquele sorriso largo estampado no rosto”, afirmou Pollyana, destacando a atuação de seu Antônio como Ministro da Eucaristia na Igreja Católica.

A vereadora Pollyana Gama com familiares do casal homenageado
Em vídeo produzido pelo Memorial da Câmara, amigos e familiares de Maria Aparecida e Antonio falaram sobre o carisma do casal, o companheirismo, a união, a participação na vida da comunidade a que pertencem e o orgulho pela afrodescendência.

“Ser negro não se resume à questão de pele, nem à questão dos cabelos crespos. É sentir-se negro num país miscigenado, é assumir suas raízes, ter coragem, atitude, lutar para ser igual nas diferenças, acreditar que não é inferior a ninguém. Ser negro é ter princípios, valorizar a beleza, ser capaz de fazer acontecer neste país de pessoas influenciadas por idéias pré-concebidas. Ser negro é ser humano”, sintetizou Antônio, em seu agradecimento.

Zenaide Brito, presidente do Ceccab
A presidente do Ceccab (Centro de Estudos Comunitário Cultural Afro-Brasileiro), Zenaide Brito, afirmou que, se o Brasil quer uma sociedade mais justa e igualitária, “é preciso acabar com o preconceito e todas as formas de discriminação”.

A solenidade foi animada pela apresentação musical de Luiz Antonio Nunes e João Telles, e dos integrantes da Escola de Curimba Caboclo Girassol.


Evolução - Pollyana citou números para ilustrar o que considerou mudanças positivas na participação dos negros no mercado de trabalho. Pesquisa divulgada pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) revela que a renda média dos trabalhadores negros nos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo cresceu cinco vezes mais do que a dos não negros (brancos e amarelos) de 2002 a 2011.

Pollyana solta a voz e canta "O Que É, O Que É?", de Gonzaguinha,
em homenagem ao casal agraciado pela Câmara Municipal

“Outro aspecto relevante é que a intensidade da redução da taxa de desemprego foi maior entre os negros. Enquanto em 2002, 23,6% da População Econômica Ativa negra estavam desempregados, a taxa dos não negros era 16,4%. Já em 2011, o índice dos negros à espera de vagas era de 12,2% e dos não negros 9,6%”, acrescentou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário