Vereadora chama atenção para
a conscientização e defende igualdade entre etnias
Mais
de 120 anos após a abolição da escravidão e mais de três séculos depois da
morte de Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra ao escravismo, o Brasil
tem uma data para refletir sobre o papel do negro na sociedade, o dia da
consciência negra, considerado pela vereadora Pollyana Gama (PPS) “um marco
para extirpar a discriminação em todos os campos”.
Pollyana Gama: "se hoje os negros não são mais escravos, grande parte deles é marcada pela exclusão" |
“Penso
que seria melhor não ter esse dia, porque a existência desta data revela o
quanto as desigualdades persistem. Se esse dia hoje acontece é que temos muito
que avançar nessas questões das desigualdades sociais”, refletiu durante a
solenidade realizada na noite desta terça-feira, 20, na Câmara de Taubaté.
“Se
hoje os negros não são mais escravos, grande parte deles é marcada pela
exclusão. Os negros de hoje, aqueles que vivem na miséria, que moram em
condições subumanas, não são menos escravos do que aqueles do tempo em que
Zumbi era líder. Precisamos de diretrizes para conscientizar, não só
proporcionando entendimento de que é impróprio o preconceito de qualquer
espécie”, acrescentou Pollyana em seu discurso.
Os homenageados Maria Aparecida Souza Santos e Antonio José dos Santos |
De
Taubaté, Pollyana destacou o casal Antônio José dos Santos e Maria Aparecida de
Souza Santos, “exemplos de superação e força” na valorização dos negros. Ele,
natural de Petrópolis (RJ), e ela, de Ponte Nova (MG). Casados há 60 anos e
pais de quatro filhos, moram em Taubaté desde 1983, dos quais dez anos
residiram na Vila São Geraldo e há 19, vivem no Cecap 2.
“O
casal, por onde passa, sempre deixa uma mensagem de carinho e amor com seus
jeitos de serem: carinhosos e com aquele sorriso largo estampado no rosto”,
afirmou Pollyana, destacando a atuação de seu Antônio como Ministro da
Eucaristia na Igreja Católica.
A vereadora Pollyana Gama com familiares do casal homenageado |
Em
vídeo produzido pelo Memorial da Câmara, amigos e familiares de Maria Aparecida
e Antonio falaram sobre o carisma do casal, o companheirismo, a união, a
participação na vida da comunidade a que pertencem e o orgulho pela
afrodescendência.
“Ser
negro não se resume à questão de pele, nem à questão dos cabelos crespos. É
sentir-se negro num país miscigenado, é assumir suas raízes, ter coragem, atitude,
lutar para ser igual nas diferenças, acreditar que não é inferior a ninguém.
Ser negro é ter princípios, valorizar a beleza, ser capaz de fazer acontecer
neste país de pessoas influenciadas por idéias pré-concebidas. Ser negro é ser
humano”, sintetizou Antônio, em seu agradecimento.
Zenaide Brito, presidente do Ceccab |
A
presidente do Ceccab (Centro de Estudos Comunitário Cultural Afro-Brasileiro),
Zenaide Brito, afirmou que, se o Brasil quer uma sociedade mais justa e
igualitária, “é preciso acabar com o preconceito e todas as formas de
discriminação”.
A
solenidade foi animada pela apresentação musical de Luiz Antonio Nunes e João
Telles, e dos integrantes da Escola de Curimba Caboclo Girassol.
Pollyana solta a voz e canta "O Que É, O Que É?", de Gonzaguinha, em homenagem ao casal agraciado pela Câmara Municipal |
“Outro
aspecto relevante é que a intensidade da redução da taxa de desemprego foi
maior entre os negros. Enquanto em 2002, 23,6% da População Econômica Ativa
negra estavam desempregados, a taxa dos não negros era 16,4%. Já em 2011, o
índice dos negros à espera de vagas era de 12,2% e dos não negros 9,6%”,
acrescentou.
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