quinta-feira, 7 de março de 2013

Mulher Polivalente - diferenças e desigualdades


Pollyana Gama
Professora, Mestranda em Desenvolvimento Humano e Vereadora pelo PPS em Taubaté

Escrever sobre o “Dia Internacional da Mulher”, exige pensar sobre sua polivalência que, de certa forma, a faz um ser de ações “multi, inter, transdisciplinares” devido aos papéis que desempenha e agrega em sua existência. A mulher contemporânea é mãe, esposa, protetora do lar, conselheira, amiga, estudante, eleitora, profissional, trabalhadora, muitas delas chefe de família, mas ainda invisível em algumas sociedades. Um de seus maiores desafios consiste em exercer seu direito de SER MULHER em meio às diferenças e desigualdades.

Desenvolvi esse pensamento por considerar que em meio a tantos papéis em busca de “independência e igualdade perante os homens” tem feito muitas de nós perdermos gradativamente o nosso melhor, o que de fato nos faz diferente dos homens: nossa feminilidade. Com a dra Rosana Chiavassa - advogada - compreendi que o conceito a ser combatido não é o da diferença e sim o da desigualdade. A diferença dos sexos permite-nos completar um ao outro enquanto que a desigualdade distancia cada vez mais  homens e mulheres.

Para entender melhor utilizarei a seguir de alguns exemplos antes, porém, algumas questões: Por que há mulheres que recebem um salário menor que do homem para realizar o mesmo serviço?
Por que nos quadros políticos a representatividade feminina é ainda muito tímida?  Por que nos casos de violência doméstica os maiores agressores são do sexo masculino?

A diferença de salários entre marido e mulher num lar saudável afetivamente permite a formação da renda familiar enquanto que a desigualdade de salários no mercado de trabalho reforça conflitos. Segundo o IBGE, as mulheres ainda ganham 28% menos que os homens no exercício das mesmas funções.

Na política, embora com legislação que fixa, para composição de quadros para eleições, um terço de homens ou mulheres, o mesmo não reflete nos resultados apurados. Nos 39 municípios da nossa Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, apenas 5 (12,5%) são governados por mulheres com 52 vereadoras (12,8%) eleitas, das 415 cadeiras. Essa desigualdade infelizmente dificulta o desenvolvimento de uma política que de fato represente e aja em prol do interesse público.

Amartya Sem, Nobel de economia, evidencia que “o ganho de poder das mulheres é um dos aspectos centrais no processo de desenvolvimento em muitos países do mundo atual”. Além de colaborar para o bem-estar feminino, Sem pontua o reconhecimento de sua participação e liderança social, econômica e social como essencial para sua condição de agente no desenvolvimento humano e minimização das desigualdades sociais.

De certa forma podemos concluir que muitos dos problemas sociais - falta de creches; moradias; violência - com os quais convivemos ainda persistam pela discrepância quanto ao número de mulheres nos processos de tomada de decisões. A diferença dos motivos femininos e masculinos ao estabelecerem prioridades, seja no lar ou numa cidade, pode de certo, quando equilibrado o número de suas vozes, emergir decisões mais favoráveis ao bem comum.

Ainda sobre diferença e desigualdade sinto ser muito esclarecedor observar a força física de ambos. Naturalmente compreendemos o homem mais forte que a mulher nesse aspecto. Essa diferença quanto à força física é o que de fato completa a união de um casal quando ele a conduz em seu colo ou até mesmo a ajuda a carregar sacolas no mercado, trocar pneus. Porém quando essa diferença de forças é exercida desigualmente temos como resultado 70% de violência praticada contra mulheres - ONU/2013 - e aumento de 157% nos casos de estupros no Brasil, nos últimos 4 anos - como publicado recentemente no jornal O Globo.

Concomitantemente às teses acadêmicas, políticas partidária ou ideológica, temos muito que avançar nas questões de gênero  e mais ainda nas ações empreendidas para conquista das respostas que queremos. Nesse dia 8 de março, particularmente, penso que conhecer e despertar o potencial democrático em homens e mulheres, indivíduos ou grupos, é possibilitar-lhes participAÇÃO consciente comprometida para minimização das desigualdades sociais e respeito às diferenças. Resistir ao preconceito, indignar-se diante das variadas formas de opressão adiantará na medida em que nós, mulheres e homens, criemos juntos uma nova realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário