Pollyana Gama
Vereadora, Educadora
e mestranda
em Desenvolvimento
Humano
Quem
não se lembra do orgulho dos nossos avós ao verem seus netos nascerem gordinhos
e daquela preocupação com os que nasciam magrinhos? Criança rechonchuda sempre
foi sinônimo de criança saudável e as magrinhas suspeitas de alguma deficiência
nutricional, independentemente de avaliação médica.
E
aquele ´pensamento pronto´ que ainda hoje sai da boca de muitas dessas pessoas:
“quanta saúde possui essa criança”, referindo-se àquele bebê ou criança mais rechonchuda.
Eram lógicas que faziam sentido, segundo especialistas, em uma época onde não
existiam antibióticos e as crianças mais ´fortes´ também eram mais resistentes
aos processos infecciosos da infância.
No
entanto, nesta geração de fast foods
e comidas gordurosas, essa suposta saúde atribuída às crianças mais
´gordinhas´, porém, caiu por terra e ganhou outro nome, transformando-se em um
problema muito sério de saúde mundial: obesidade infantil. As consequências dessa
epidemia são seríssimas, principalmente na fase adulta quando cerca de 30% a
40% são vítimas de problemas cardíacos, além de diabetes e hipertensão.
A
informação é resultado de uma das mais importantes pesquisas do mundo sobre obesidade
infantil promovida pela Universidade de Oxford, nos Estados Unidos. Foram
entrevistadas 49.220 crianças e adolescentes de 5 a 15 anos de idade que foram
diagnosticadas com pressão arterial elevada, taxas preocupantes de colesterol e
triglicerídeos no sangue que as deixam suscetíveis a problemas cardíacos ao
longo da vida adulta.
Em
Taubaté, confesso que fiquei muito preocupada quando tomei conhecimento de um
dado alarmante: 27,9% dos estudantes do 6º ao 9º do ensino fundamental 2 das
redes pública e privada estão obesos. O número é resultado de um estudo
científico elaborado pela Casa da Criança, sob a responsabilidade do
professor-doutor Felício Murad, também pró-reitor de extensão da Unitau, que entrevistou
19 mil alunos das cidades de Taubaté, Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e
Ilhabela.
A
questão acende o sinal vermelho dentro das nossas próprias casas e levanta o
debate sobre qual a educação alimentar que estamos ensinando aos nossos filhos.
A lição deve sempre começar em casa com o exemplo dos pais. As causas que levam
à obesidade infantil são muitas, mas pesam os hábitos alimentares baseados
no fast food, salgadinhos e guloseimas e as horas passadas em
frente da televisão ou jogando videogame, como também a falta de hortaliças,
legumes e frutas nas refeições.
E
a merenda oferecida nas escolas? As visitas que realizo às escolas e creches
tem por finalidade verificar a qualidade nutricional da merenda e as condições
de horário na qual é servida. É necessário lembrar que após a ingestão de, por
exemplo, um prato de macarronada temos uma desaceleração cerebral por conta da
digestão, gerando sonolência. Assim, na escola, a alimentação deve ser adequada
para que não interfira na atenção da criança durante as aulas.
Temos
que zelar por cardápios balanceados que estimulem alimentação equilibrada e
supram as necessidades nutricionais, apresentando, inclusive, opções
específicas para as crianças que apresentam restrições alimentares, como
diabetes, intolerância à lactose e ao glúten.
Sou
autora da lei municipal 4.317, de 4 de abril de 2010, que institui a Semana
Municipal de Alimentação Saudável em Taubaté. A data deve ser comemorada
anualmente na última semana do mês de março. É uma iniciativa simbólica para
estimular a reflexão sobre o tema, pois é importante priorizar a qualidade e o
equilíbrio nutricional das crianças em casa e na escola.
Estudos
científicos garantem que uma criança bem alimentada tem disposição para
participar das aulas e consequentemente tem mais facilidade em absorver o conteúdo
passado pelo professor. Isso também é saúde. Portanto, façamos nossa parte para
que, juntos, possamos reduzir os altos índices alarmantes de obesidade infantil
a fim de garantir uma sociedade saudável no futuro. Esse é o nosso compromisso.
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