quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ler para desenvolver

Pollyana Gama
Vereadora, professora e mestranda
em Desenvolvimento Humano


Em 2002 iniciei uma ação mensal de incentivo a leitura na praça Santa Terezinha: espalhava cangas, levava livros numa mala e convidava crianças e pais a ouvirem uma historia afirmando que haveria uma surpresa ao final. A surpresa acontecia quando abria a mala: cada um podia escolher e ler quantos livros quisesse ali após a roda de leitura. Hoje, embora realize algumas rodas não tão sistematicamente, confesso que tenho me dedicado a incentivar a leitura entre professores e licenciandos (aqueles que estudam para ser professor), pois a situação é preocupante.
Na Declaração Mundial sobre Educação para Todos, promulgada pela Unesco em 1990, leitura e escrita são compreendidas como “ferramentas essenciais, necessárias para que seres humanos possam sobreviver, desenvolver plenamente suas capacidades, viver e trabalhar a dignidade, participar ativamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de sua vida, tomar decisões fundamentais e continuar aprendendo”.

Vinte anos se passaram e embora haja inúmeros programas de incentivo à leitura, esse hábito ainda não é uma realidade para a grande maioria dos brasileiros. Para se ter uma ideia, se a “Receita Lobateana” para se fazer um país com homens e livros for seguida, precisaremos da outra metade dos brasileiros, algo em torno de 100 milhões de pessoas.

A mais recente pesquisa “Retrato da Leitura no Brasil”-, do Instituto Pró-Livro, em parceria com o Ibope Inteligência, entrevistou 5 mil brasileiros de todo o país e revelou que a parcela de leitores passou de 55% para 50% da população.

Suponho que muitos de nós, diante desse quadro, acreditamos ser dos professores a responsabilidade para reverter essa situação e há razões para isso. Segundo essa mesma pesquisa, 45% da população vê o professor como o maior influenciador, porém, como formar, desenvolver leitores quando de 145 professores entrevistados nessa mesma pesquisa, apenas três afirmaram gostar de ler no tempo livre?

Eis aqui uma das razões que me guiam ao persistir em ações para estimular a leitura nos cursos de formação docente e até mesmo entre colegas professores. A experiência me conduz a colaborar de forma que o leitor estabeleça uma relação afetiva com o objeto da leitura (livro, jornais, revistas). Não é à toa que a probabilidade de uma criança cujo a família lhe conta histórias antes de dormir ou até mesmo lhe presenteia com livros se torne um adulto leitor, dotado de senso crítico.

Ler está além dos livros. É a “leitura do mundo” que permitiu a humanidade ao longo dos séculos perceber a época boa para o plantio e, ainda hoje, é essa leitura associada à “leitura da palavra” e de tantos outros símbolos que influencia nas diversas tomadas de decisões. Paralelo à melhoria das estatísticas - que revelam uma amostra do contexto, particularmente no campo educacional -, é preciso despertar com políticas públicas para perceber a leitura como uma necessidade para a sobrevivência e desenvolvimento humano, social e econômico. Afinal, o que você tem lido?

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