Pollyana
Gama
escreve artigo sobre o PPA (Plano Plurianual), que será votado nesta
terça-feira
Pollyana
Gama
Vereadora
pelo PPS, escritora, professora
e mestre
em Desenvolvimento Humano
Recordo
que quando criança brincava de "bandeirinha" na rua da Glória e antes
de iniciar a brincadeira o grupo se reunia para responder a pergunta "qual
é o plano?" É uma pergunta frequente na vida de quem busca
"chegar a algum lugar". Seja para organizar as despesas do dia a dia,
um aniversario, uma viagem e até mesmo o encontro da família para comemorar o
Natal, planejar é preciso.
Verificar o
empenho de um grupo de pessoas com um plano para ser bem
sucedido numa simples brincadeira/encontro e não observar esse mesmo empenho,
quanto à participação, quando se trata do plano desenvolvido para atender
expectativas reais, coletivas de um grande grupo, de uma cidade, é no
mínimo muito estranho.
A Câmara
Municipal vota na manhã de hoje o Plano Plurianual (PPA) que vai apontar as
prioridades da gestão para os próximos 4 anos (2014-2017), sendo 3 anos do
atual governo e 1 ano do próximo que será eleito em 2016. Este é um importante
instrumento que, teoricamente, permite visualizar os setores da Administração
Pública que terão maior atenção e quais serão seus programas e atividades para
atingir os objetivos estabelecidos.
Talvez o
empenho necessário por parte do "grande grupo" não ocorra em virtude
das dificuldades que muitos cidadãos se deparam ao buscarem entender o
"plano". Talvez isso ocorra por não se sentirem parte desse processo.
O PPA
elaborado pela Prefeitura de Taubaté prevê investimentos do Executivo, do
Instituto de Previdência do Município, da Universidade de Taubaté e suas
fundações. Uma das finalidades, além de aperfeiçoar as ações da Gestão Pública,
é possibilitar aos cidadãos e agentes políticos o acompanhamento detalhado das
metas a serem cumpridas pelo Executivo.
É
justamente por este motivo que por meio de requerimento questionamos a
Secretária de Administração e Finanças, Odila Maria Sanches, a respeito da
falta de clareza do nosso PPA. É evidente que a participação do cidadão que não
possui conhecimento em orçamento público fica prejudicada contrariando os
princípios da transparência na prestação dos serviços públicos. Como
participar, acompanhar, fiscalizar e colaborar sem entender?
A
Secretária nos respondeu que o PPA “foi elaborado rigorosamente em conformidade
com a legislação federal vigente, à semelhança dos Planos Plurianuais em vigor
no âmbito da União e dos Estados, inclusive o de São Paulo”. Ao analisar o PPA
publicado pelo Ministério do Planejamento, no âmbito federal, fica nítida a
diferença no que diz respeito à clareza, objetividade e facilidade para
qualquer pessoa entender aquilo que o Governo irá executar nos próximos anos.
Para
citarmos alguns exemplos, o Plano Plurianual do Governo Federal planeja
autorizar a realização de 45.668 obras e serviços de manutenção, conservação e
restauração em bens do Patrimônio Cultural, sendo 14.033 destas ações na Região
Sudeste do país. Desse modo, um município como Taubaté pode cobrar no
Ministério e questionar/solicitar participação com projetos para o patrimônio
cultural.
O Plano
Plurianual de nossa Taubaté prevê a promoção 450 eventos culturais em cada um
dos próximos 4 anos. Mas, que eventos são esses? Quais regiões e
bairros serão atendidos? Como podemos acompanhar e fiscalizar a execução
dessas metas/ações? No PPA Municipal não visualizamos claramente
bairros/regiões que terão ao menos as ruas recapeadas. Disponibilizar detalhes
como esse facilitaria o acompanhamento por parte do cidadão e a fiscalização
pelo legislador.
No caso de Taubaté, os 19
vereadores apresentaram 245 emendas que poderão ou não ser aprovadas. As
propostas abrangem diversas áreas da Administração Pública e contemplam, por
exemplo, a cobertura de quadras poliesportivas, melhorias na iluminação pública,
revitalização de praças, recapeamento de ruas, ampliação de oferta de bolsas de
estudos para pessoas carentes, reforma da Vila Santo Aleixo, estrutura para o
funcionamento dos 7 Conselhos mantidos na Gestão de Política de Assistência
Social, compra de equipamentos para o Pronto-Socorro Municipal, entre outras.
A composição do PPA de maneira a
facilitar sua leitura e interpretação é mais um desafio enfrentado por
Taubaté e outros municípios que, em sua maioria, não compõem seus planos de
forma mais clara por não disporem, na hipótese mais apaziguadora, do que
podemos chamar de "cultura de planejamento". Será que o projeto
do PPA a ser votado hoje oferece a segurança de que as nossas expectativas
serão atendidas? Da nossa parte permaneceremos a insistir por mais clareza com
envio de sugestões ao Executivo tendo por objetivo avançarmos na nossa
capacidade de fazer acontecer de forma ordenada, planejada e participativa.
Veja o artigo publicado originalmente no jornal "Gazeta de Taubaté":
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