Pollyana Gama escreve sobre os riscos causados pelos balões durante o período das festas juninas
Pollyana Gama
Vereadora, Educadora e mestranda
em Desenvolvimento Humano
E de repente, eis que ele chega com
seus costumes, brincadeiras e muita comida em meio aos festejos. Não... não
estamos nos referindo a nenhum chef de cozinha, palhaço e muito menos a alguma
personalidade, mas ele é cheio de peculiaridades, cada qual com a sua
identidade e história para contar. Ah! E é preciso cuidado, aliás, muito
cuidado, pois um de seus artigos é sorrateiro e por um descuido pode causar uma
tragédia irreparável.
Bandeirolas de Volpi lembram a tradicional festa junina |
Junho é o mês das tradicionais ´festas
juninas´. É tempo de muita alegria ao relembrar a infância e participar das
quadrilhas, forrós, leilões, bingos e casamentos caipiras organizados nos
bairros e nas vilas das cidades. É tudo prazeroso, sim, mas, por outro lado, a
festa de “São João” marca o início da temporada de alerta máximo contra balões,
o que pode tornar o prazer em um grande pesadelo. A partir de agora, com a
chegada dos dias mais frios, o clima mais seco e a proximidade das festas
aumentam os riscos nos céus do Brasil.
Embora muita gente veja apenas beleza
ao olhar para um balão e muitos outros insistam em sua fabricação, sobretudo
por conta das ´festas juninas´, a lei federal 9605/98 “proíbe a fabricação,
venda, transporte e soltura de balões que possam provocar incêndios nas
florestas e demais formas de vegetação ou em qualquer área urbana”. Para aqueles
que desconhecem ou simplesmente ignoram a Lei de Crimes Ambientais, é bom que
se diga que a detenção para quem for flagrado é de 1 a 3 anos de reclusão, além
do pagamento de multa.
Somente no estado de São Paulo, o
número de queimadas este ano aumentou 16% nos primeiros 5 meses, na comparação
com o mesmo período de 2012. O mapeamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) revela que foram registrados 414 focos entre janeiro e maio de 2013.
Apesar do sinal de alerta, houve queda de 46% nos últimos 6 anos - entre 2006
(4.030) e 2012 (2.159) e os balões contribuem para alavancar esse índice.
Os estragos com a queda de um balão
são quase inevitáveis podendo ferir pessoas, incendiar casas e provocar
explosões, caso haja contato com a rede elétrica. Além dos riscos à vida, tem
os prejuízos ao meio ambiente. Os incêndios empobrecem o solo, extinguem a
flora e fauna nativas e, ao liberar dióxido de carbono, aumenta a influência do
efeito estufa no clima.
Até mesmo os chamados balões
ecológicos são nocivos, pelo perigo que representam para pousos e decolagens de
aviões e para a rede elétrica. Dados
da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) indicam que
entre 1993 e 2004 o Brasil registrou oito colisões desse tipo. “Vamos supor que
o balão de cerca de 15 quilos colida com uma aeronave a 300 km/h: vai ser um
impacto de 3 toneladas e meia”, diz o tenente-coronel-aviador Carlos Antônio
Motta de Souza, do Programa de Perigo Baloeiro do Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Notadamente, o ímpeto dos “baloeiros”
foi reduzido devido a insistentes campanhas divulgadas no passado – aliás, por
que não voltam? -, aliadas às ações efetivas da polícia. No entanto, é sempre
tempo de entender que essa ´brincadeira´ não pode existir além dos
alto-falantes das festas juninas ou das telas do notável pintor
ítalo-brasileiro Alfredo Volpi (1896-1988), que deixou tantos balões em meio
aos postes e bandeirolas de sua pintura comoventemente colorida. É uma ´brincadeira´
que só pode existir nas artes e na nossa memória, pois, na vida real, é sem
graça porque pode queimar, destruir e matar.
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