Pollyana Gama aborda no artigo desta terça-feira
a
polêmica sobre o feriado de 5 de dezembro
Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS, escritora,
professora
e mestre em Desenvolvimento Humano
Durante a
última semana muito se falou sobre o projeto de lei que altera a data do
feriado de 5 de dezembro para 5 de fevereiro. Sou uma das autoras do projeto e,
até mesmo por isso, observei a movimentação de vários setores da sociedade em
torno do tema.
A palavra
feriado vem do latim feriatus, que significa “aquilo que está em festa”, isto
é, dia de comemoração. Na contramão do significado etimológico da palavra, nós,
brasileiros, nem sempre festejamos nossas datas a não ser pelo fato de ser um
dia a mais de descanso.
O número de
feriados já foi muito maior, mas com a Revolução Industrial, muitos foram
suprimidos justamente porque os dias não trabalhados representavam prejuízos ao
progresso. Assim como no passado, os números comprovam que um feriado é capaz
de comprometer a economia. A matemática é bem simples: menos dinheiro entrando
é igual a menos dinheiro sendo investido. Isso, no comércio, pode significar
menos contratações e, em um município, menos investimentos em setores como
saúde, educação e segurança.
Em Taubaté,
por exemplo, segundo os dados do Núcleo de Pesquisa Econômico Sociais (Nupes),
o impacto financeiro provocado pelo feriado atingiria não somente o comércio,
que perderia uma boa fatia dos valores da primeira parcela do 13º salário paga
aos trabalhadores de Taubaté, como também a arrecadação tributária do
município, que poderia perder somente neste dia cerca de R$885 mil de ICMS.
Contudo,
embora pertencentes a uma sociedade capitalista, somos uma terra rica em
história. E não queremos abrir mão dela, até porque o futuro está intimamente
ligado ao passado e ao caminho percorrido até o nosso presente.
Em 5 de
dezembro de 1645 Taubaté foi elevada à condição de Vila, que resultou na
primeira instância política do Vale do Paraíba. Foi a partir dessa data que foi
instituída a nossa Câmara Municipal. Porém, foi em 5 de fevereiro de 1842 que o
barão de Mont’Alegre elevou Taubaté e outras vilas – como Itu, Sorocaba,
Coritiba, Paranaguá e até Campinas, que antes era denominada Villa S. Carlos –
à categoria de cidade.
Uma data
jamais poderá se sobrepor a outra, é verdade. Porém, se a discussão gira em
torno de valorizar a nossa história, é necessário que ensinemos aos nossos
cidadãos e, principalmente às futuras gerações o valor de cada uma delas, até
mesmo para que população de Taubaté avance em sua tradição, sua história e sua
cultura, fazendo valer o “dia de festejar” e não o dia de somente descansar.
Afinal, quem conhece ou sabe diferenciar esses dois marcos históricos? Aliás,
ainda tem muita gente em Taubaté que acredita que o feriado do dia do padroeiro
marca a data de aniversário da cidade.
Contamos na
cidade com um excelente trabalho idealizado pelo pesquisador Pedro Rubim, com o
seu Almanaque Urupês. O projeto se baseia na valorização histórica e cultural
de nosso município, enaltecendo a história de modo que o nosso presente e o
nosso futuro sejam igualmente valiosos ao nosso passado. Também temos vários
pesquisadores da Universidade de Taubaté, que lutam bravamente pela manutenção
de nossa identidade, reforçando a importância do folclore, do cinema local, dos
prédios históricos etc.
Ainda no
intuito de valorização da identidade, tramita na Câmara Municipal um projeto de
lei, de autoria do vereador Nunes Coelho (PRB) que institui a Semana de
Taubaté. A proposta é festejar o nosso orgulho taubateano por meio de
atividades culturais, enfatizando a importância da nossa história, que se
encontra com a história do Brasil, e, de forma educativa, fazer com que o
taubateano conheça o valor de suas datas.
A discussão
sobre o feriado nos faz refletir se o que queremos é um dia de folga ou um dia
de festa cívica e de fortalecimento de nossas tradições. Na Audiência Pública
realizada na Câmara Municipal de Taubaté, no último dia 5, o debate originou
sugestões salutares, vindas de representantes do setor comercial, de
jornalistas, historiadores e também vereadores. Todos foram unânimes quanto à
necessidade de um maior envolvimento cívico por parte de toda população com a
história de nossa cidade.
Se a intenção
é festejar, a defesa de um feriado não se justifica. A comemoração de uma data
estaria muito mais ligada ao intenso trabalho de valorização e de manutenção de
nossas tradições, do que ao simples descanso promovido por um feriado e à
torcida de que ele seja prolongado.
Artigo publicado no jornal "Gazeta de Taubaté":
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