Pollyana Gama destaca a criação do Festival de
Cinema de Taubaté e nossa vocação para a 7ª arte
Como se fosse
uma luz que se avista ao fim do túnel, felizmente, foi aprovado pela Câmara
Municipal, em regime de urgência, a nosso pedido, na última quarta-feira, dia
13, o Projeto de Lei 158/2013 que cria o Festival de Cinema de Taubaté. Uma
iniciativa altamente louvável da Secretaria Municipal de Cultura que foi
acatada pelo Prefeito e transformada nesta ação que poderá trazer Taubaté
novamente à “Cena do Cinema Nacional”.
Como
educadora e presidente da Comissão de Educação, Cultura e Turismo da Câmara
Municipal, vejo a matéria como oportunidade para a retomada, a todo vapor, das
produções cinematográficas locais, tal como em 1973 quando o cinema já vivia os
seus dias de glória. Amácio Mazzaropi era o rei das bilheterias em todo o
território brasileiro. Além do Cine Palas, tínhamos outras salas de espetáculos
que, semanalmente, viviam lotadas: Cine Metrópole, Cine Urupês, Cine Odeon e
Cine Boa Vista, este último na Vila das Graças.
Quando a bela
limousine conversível descia a rua das Palmeiras em direção ao majestoso Cine
Palas, com o largo sorriso de Mazzaropi, o entusiasmo tomava conta da multidão
que se aglomerava e aplaudia o grande astro do cinema nacional que chegava para
a sessão de lançamento de “Portugal, Minha Saudade”, filme produzido nos
estúdios da PAM Filmes, em Taubaté.
A PAM Filmes
produziu uma série de tramas nos seus estúdios localizados na Fazenda Santa, no
Bairro dos Remédios. Infelizmente, com o falecimento de Mazzaropi, em 1981, aos
69 anos, os filmes deixaram de ser produzidos em nossa cidade. Hoje, no local,
temos um museu cinematográfico e um conceituadíssimo hotel fazenda de luxo, eleito
por cinco anos consecutivos pelos leitores da Revista Viagem & Turismo como o Melhor Hotel Fazenda do Brasil, onde turistas
e visitantes podem ter acesso ao acervo deixado pelo nosso grande cineasta.
Nasci no ano
de 1975, portanto, boa parte do sucesso de Mazzaropi pude conhecer por meio dos
registros históricos e pelos contos de parentes e amigos que tiveram o
privilégio de vivenciar aqueles momentos. Meu pai, inclusive, foi figurante em
alguns dos filmes de nosso cineasta. Em um deles, “Jecão, um fofoqueiro no
céu”, gravado em 1977, ele aparece numa cena de briga com o dentista Daniel
Sbruzzi, recém-homenageado pela Câmara Municipal.
Os tempos
mudaram e hoje as salas de cinema estão localizadas, prioritariamente, em
espaços que atraem muitos consumidores, a exemplo dos shoppings. Aliás, em
minha pesquisa do mestrado em Desenvolvimento Humano, constatei que a opção
cultural mais cultivada pelos estudantes é justamente o cinema.
Retornando ao
Festival de Cinema, a atividade não apenas contribuirá para o resgate daqueles
grandes momentos culturais vividos pelos taubateanos quando lotavam as salas de
cinema no passado, mas, também, para impulsionar a cadeia econômica ligada ao
turismo em nossa cidade. Afinal, uma das propostas é estimular o gosto pela
produção audiovisual e, melhor que isso, proporcionar meios que viabilizem projetos
de artistas tanto amadores quanto profissionais.
Importante
observar que um Festival como esse não pode ser reduzido apenas ao período de
sua realização – que será regulamentado por decreto do Prefeito. É necessário
contemplar um projeto de responsabilidade social/cultural envolvendo a
comunidade local ao longo do ano. Isso exige muito empenho do Poder Público e
parcerias com o setor privado. Como para 2014 a peça do PPA (Plano Plurianual)
enviada à Câmara não inclui o Festival, elaborei emenda sugerindo o repasse de
R$ 50 mil anualmente ao projeto. Claro que o dinheiro não é autossuficiente
para a manutenção do mesmo, mas contribui com o resultado da parceria
público-privada que, acredito, será estabelecida para este acontecimento.
O economista
e jornalista Luis Nassif publicou em seu blog no último dia 6 o artigo “O renascimento
do cinema nacional”, no qual nos mostra números otimistas que indicam as
grandes possibilidades que se apresentam para o atual momento do cinema. Ele
relata que até o início do mês foram vendidos no mercado interno 22 milhões de
ingresso para filmes brasileiros. Nessa conta entrou apenas a primeira semana
do filme “Meu passado me condena”, que estreou com a segunda maior bilheteria
do ano, conforme informações obtidas com Manoel Rangel, diretor-presidente da
Ancine (Agência Nacional de Cinema).
O momento
atual para o cinema brasileiro é muito promissor. Taubaté com a aprovação do
projeto de lei que cria o Festival de Cinema e com a estruturação necessária da
nossa Secretaria da Cultura para este fim poderá, sem sombra de dúvidas,
avançar na consecução de uma política de cultura e turismo, geradora de
receitas para o município. É nosso dever preservar, pois, afinal, Taubaté foi
berço de um dos principais cineastas do país: Amácio Mazzaropi. Para 2014: Luz,
câmera, ação!
Veja o artigo publicado no jornal "Gazeta de Taubaté":
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