sexta-feira, 19 de junho de 2015

Diálogo Inter-religioso: “Educar para o Diálogo Inter-religioso”


Estamos hoje reunidos por um objetivo em comum: O Diálogo inter-religioso que neste ano tem como tema: “Educar para o Diálogo Inter-religioso”.

Para muitos de nós, motivo de celebração, mas ainda um grande desafio nesse nosso mundo tão diversificado e, em algumas circunstâncias, endurecido pelo pensamento e pelos interesses individuais.



Num mundo cada vez mais globalizado, é urgente assumirmos o compromisso do saber falar e do saber ouvir sobre as diferentes manifestações religiosas.

Esse “saber falar e saber ouvir” é a base para o diálogo. Não se trata de buscar o convencimento. Trata-se de conhecer como ocorre na humanidade esse movimento denominado "religare"/religião , nato do ser humano na busca pelo sagrado de forma desarmada sem agredir as diferentes convicções dos demais.


Acredito que O diálogo aprofunda a fé de cada um nós.  


Estive no dia 29 de abril deste ano, na celebração da “Liberdade Religiosa: Brasil, uma voz para o mundo”, em São Paulo, onde na oportunidade, fomos informados de que o Brasil é considerado o primeiro lugar no ranking de tolerância religiosa, ao ser comparado com outros países.


Contudo este mesmo Brasil, à frente de outros países no quesito tolerância também é cenário de diversos conflitos oriundos da religiosidade, sobretudo daquelas de origem afro-brasileiras.

Há dois dias, por exemplo, vimos os jornais estampando o lamentável episódio da menina de 11 anos que foi agredida com pedrada na cabeça, após sair de um culto de Candomblé, no subúrbio do Rio de Janeiro.

Na França, por exemplo, a estudante muçulmana Sarah, de 15 anos, foi barrada duas vezes no portão de uma escola, no início de maio, porque usava uma saia longa e preta. Na visão dos diretores do colégio, a vestimenta da garota representava uma ostentação religiosa. Na França, usar qualquer símbolo relacionado à religião no ensino público é proibido por lei.


Isso sem falar dos 21 cristãos decapitados por um grupo militante, na Líbia, em fevereiro deste ano.

Enfim, cito apenas esses casos para não me estender! Mas situações como estas ainda são muito comuns, aqui, ali, em todo o mundo! É preciso avançar e isso exige ação de cada um de nós, consciente dessa necessidade.

Em nossa cidade temos contribuído ainda que modestamente com ações efetivas para o diálogo e paz entre as taubateanos e taubateanas de diferentes religiões.


A começar pelo que estamos realizando aqui. Esse é o nosso 6º encontro. Ao longo desses seis anos, testemunhamos gradativamente um ambiente mais compreensivo e respeitoso entre os participantes, demonstrando o quanto o compartilhamento de informações, esse intercâmbio, revela pontos comuns na nossa maneira de viver.


Entusiasta da paz entre as religiões, em 2013, Francisco Visitou uma igreja evangélica pentecostal, no sul da Itália. Na oportunidade, além de pedir perdão pelos católicos que perseguiam os “adversários religiosos”, Francisco sabiamente disse: Vão se surpreender por que o Papa foi visitar os evangélicos? Oras, mas ele foi ver os seus irmãos!”.


Pois bem! O caminho para a paz está no diálogo. E para chegarmos ao diálogo e à tolerância, especialistas apontam que o caminho passa pela educação. "A escola tem papel fundamental, porque é o lugar em que a pessoa adquire a primeira experiência com o 'diferente'. As instituições de ensino precisam trabalhar o respeito nas diversidades, não só religiosas, como em outros aspectos também", orienta Ricardo Ribeiro, professor da PUC Minas.


No Brasil, país laico, as aulas de ensino religioso são previstas pela Constituição Federal. A Lei 9.475, de 1997, insere nova redação ao artigo 33 da Lei 9.394/96 (a Lei de Diretrizes e Bases – LDB), ao definir que “o ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”.


Há quem seja favorável e quem não goste da ideia. Ao ser facultativo o ensino religioso, embora, às vezes ofertado, nem sempre é procurado pelas famílias como opção de conhecimento.


Também neste sentido, o Conselho Nacional de Educação, colegiado vinculado ao MEC e responsável por formular e avaliar a política nacional de educação, declarou recentemente que “o ensino religioso deveria ser banido da grade curricular de alunos do ensino fundamental público. Como essas aulas estão previstas na própria Constituição, elas devem, então, ter caráter não-confessional, sem priorizar uma ou outra religião”.


Contudo, amigos e amigas, eu acredito na educação! E por acreditar que ela é o caminho, estou convicta que democratizar as informações sobre religiosidade dentro da comunidade escolar é promover conhecimento, pois não se trata de ensino catequético ou dogmático. Isso, cada denominação deve fazer aos seus adeptos, em seus ambientes, conforme a preferência de cada grupo. Trata-se de oferecer acesso a informações que permitam os indivíduos a conhecerem, entenderem a essência e respeitarem o credo, a fé e, assim promoverem a paz, convivendo harmoniosamente.


Na concepção de Carlos Frederico Barbosa, professor de cultura religiosa, também da PUC Minas, os ensinos religiosos não devem focar somente nas concepções cristãs. "É importante as pessoas compreenderem a matriz africana, o espiritismo, a prática islâmica, e outras religiões. O processo educacional deve abordar as diferenças, para que a sociedade cresça em meio às adversidades", destaca o especialista.


Trazendo essa necessidade para nosso cenário regional, percebemos que nossa sociedade tem buscado familiarizar a sociedade ao conhecimento sobre as religiões. Das 39 cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba, 16 já oferecem o Ensino Religioso em sua grade curricular. Isso representa cerca de 40% dos municípios que contribuem para a disseminação do diálogo, caminho para uma sociedade mais equilibrada.


Olho para nosso mundo e vejo o quanto tudo poderia ser tão diferente. E de forma tão simples. Menos guerras, menos conflitos, mais AMOR! E se o amor é o que move, a emblemática frase de Pitágoras “Educai as crianças e não será preciso punir os homens” deveria ser a nossa linha mestra para a condução da humanidade.


Digo isso porque quando se educa uma criança, se lança a seta que norteia o indivíduo para os princípios de justiça, cultura e paz entre homens. Neste sentido, o ensino religioso vem complementar esse processo, não na formação de cristãos ou não-cristãos, judeus, muçulmanos, espíritas ou qualquer outra acepção, mas na formação de cidadãos, construtores de um espaço chamado sociedade, que pode, deve e merece ser mais fraterna.

A todos nós, desejo: PAZ!
















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