Pollyana
Gama
Professora,
Mestranda em Desenvolvimento Humano e Vereadora pelo PPS em Taubaté
Escrever
sobre o “Dia Internacional da Mulher”, exige pensar sobre sua polivalência
que, de certa forma, a
faz um ser de ações “multi, inter, transdisciplinares” devido aos papéis que
desempenha e agrega em sua existência. A mulher contemporânea é mãe, esposa,
protetora do lar, conselheira, amiga, estudante, eleitora, profissional,
trabalhadora, muitas delas chefe de família, mas ainda invisível em algumas
sociedades. Um de seus maiores desafios consiste em exercer seu direito de SER
MULHER em meio às diferenças e desigualdades.
Desenvolvi
esse pensamento por considerar que em meio a tantos papéis em busca de “independência
e igualdade perante os homens” tem feito muitas de nós perdermos gradativamente
o nosso melhor, o que de fato nos faz diferente dos homens: nossa feminilidade.
Com a dra Rosana Chiavassa - advogada - compreendi que o conceito a ser
combatido não é o da diferença e sim o da desigualdade. A diferença dos sexos
permite-nos completar um ao outro enquanto que a desigualdade distancia cada
vez mais homens e mulheres.
Para
entender melhor utilizarei a seguir de alguns exemplos antes, porém, algumas questões:
Por que há mulheres que recebem um salário menor que do homem para realizar o
mesmo serviço?
Por que
nos quadros políticos a representatividade feminina é ainda muito
tímida? Por que nos casos de violência doméstica os maiores
agressores são do sexo masculino?
A
diferença de salários entre marido e mulher num lar saudável afetivamente
permite a formação da renda familiar enquanto que a desigualdade de
salários no mercado de trabalho
reforça conflitos. Segundo o IBGE, as mulheres ainda ganham 28% menos que
os homens no exercício das mesmas funções.
Na
política, embora com legislação que fixa, para composição de quadros para
eleições, um terço de homens ou mulheres, o mesmo não reflete nos resultados
apurados. Nos 39 municípios da nossa Região Metropolitana do Vale do Paraíba e
Litoral Norte, apenas 5 (12,5%) são governados por mulheres com 52 vereadoras
(12,8%) eleitas, das 415 cadeiras. Essa desigualdade infelizmente dificulta o
desenvolvimento de uma política que de fato represente e aja em prol do
interesse público.
Amartya
Sem, Nobel de economia, evidencia que “o ganho de poder das mulheres é um dos
aspectos centrais no processo de desenvolvimento em muitos países do mundo
atual”. Além de colaborar para o bem-estar feminino, Sem pontua o reconhecimento
de sua participação e liderança social, econômica e social como essencial para
sua condição de agente no desenvolvimento humano e minimização das
desigualdades sociais.
De certa
forma podemos concluir que muitos dos problemas sociais - falta de creches;
moradias; violência - com os quais convivemos ainda persistam pela discrepância
quanto ao número de mulheres nos processos de tomada de decisões. A diferença
dos motivos femininos e masculinos ao estabelecerem prioridades, seja no lar ou
numa cidade, pode de certo, quando equilibrado o número de suas vozes, emergir
decisões mais favoráveis ao bem comum.
Ainda
sobre diferença e desigualdade sinto ser muito esclarecedor observar a força
física de ambos. Naturalmente compreendemos o homem mais forte que a mulher
nesse aspecto. Essa diferença quanto à força física é o que de fato completa a
união de um casal quando ele a conduz em seu colo ou até mesmo a ajuda a
carregar sacolas no mercado, trocar pneus. Porém quando essa diferença de
forças é exercida desigualmente temos como resultado 70% de violência praticada
contra mulheres - ONU/2013 - e aumento de 157% nos casos de estupros no Brasil,
nos últimos 4 anos - como publicado recentemente no jornal O Globo.
Concomitantemente
às teses acadêmicas, políticas partidária
ou ideológica, temos muito que avançar nas questões de gênero e mais
ainda nas ações empreendidas para conquista das respostas que queremos. Nesse
dia 8 de março, particularmente, penso que conhecer e despertar o potencial
democrático em homens e mulheres, indivíduos ou grupos, é possibilitar-lhes
participAÇÃO consciente comprometida para minimização das desigualdades sociais
e respeito às diferenças. Resistir ao preconceito, indignar-se diante das
variadas formas de opressão adiantará na medida em que nós, mulheres e
homens, criemos juntos uma nova realidade.